Fiz-me Loba. Nos caminhos por onde deixei pedaços de mim, sem saber que me tinham sido arrancados. Fiz-me Loba. Loba. Pelas veredas que ninguém conhece. Pisei as silvas e os pés sangraram. Fiz-me Loba. Loba, Loba, Loba. Loba. Deito-me com quem quero. Escolho quem quero. Deixei essa pele de Princesa erguida pela voz de outras vizinhanças. Escolhi vestir a própria pele. Curtida nos dias de sangue, nos dias de abismo, no dia das navalhadas. Não tenho vergonha das minhas pernas peludas. Não tenho pudor de qualquer pêlo do corpo. Sou Loba. Loba. Loba. Atirei os livros à fogueira. Preferi escolher o coração selvagem onde todo o livro mergulha pela língua da Loba.
C.J. in A Surrealista que Pariu a Loba
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