O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, janeiro 04, 2016

NUNCA LHE TOQUES...



SER SI PRÓPRIO


Aprende a desligar as ideias de voluptuosidade e de prazer. Aprende a gozar em tudo, não o que ele é, mas as ideias e os sonhos que provoca. Porque nada é o que é: os sonhos sempre são os sonhos. Para isso precisas não tocar em nada. Se tocares o teu sonho morrerá, o objecto tocado ocupará a tua sensação.
Ver e ouvir são as únicas coisas nobres que a vida contém. Os outros sentidos são plebeus e carnais. A única aristocracia é nunca tocar. Não se aproximar — eis o que é fidalgo.
Ser puro, não para ser nobre, ou para ser forte, mas para ser si próprio. Quem dá amor, perde amor.
Abdicar da vida para não abdicar de si próprio.
A mulher uma boa fonte de sonhos. Nunca lhe toques.
 
Livro do Desassossego por Bernardo Soares - Fernando Pessoa

3 comentários:

Vânia disse...

sou fã incondicional de todos os heterónimos mas este é realmente algo que me transcende.

rosaleonor disse...

Não. Não é fácil entender este texto...mas é como saber que a maior adição do ser humano é o "amor" - e assim, para nõa se viciar é melhor nem tocar...
Um abraço Vania - espero que esteja a caminhar neste "novo" ano com esperança e coragem!

Vânia disse...

pois não... entender este texto é tão difícil quanto entender o Amor. Mas não será um vicio bom? n será melhor sermos adictos/as ao q nos acrescenta e transforma ao invés de adições a substâncias comportamentos ou pessoas? a partida uma adição n é saudável pq são comportamentos repetidos auto destrutivos q acabam por nos fazer mal , mas e os gestos de ternura para connosco e com o exterior n serão realmente benéficos para o ser humano? será q o ser humano é realmente adicto ao Amor ou é adicto na procura do mesmo? Esperança sempre, fé inabalável, a coragem falha por vezes... e quando o poeta me diz para não tocar em nada eu leio ao contrário como se ele me sugerisse tocar em tudo... tudo o q é relacionado ao Amor, e ainda acho q uma vida sem tocar neste "vicio" não é vida... o coração mirra encolhe e não dispara... quase não se sente... Há mais outra Vania este ano, (todos os dias há se for a ver bem... consoante os desafios q se me apresentam e aos quais me é pedida uma nova postura... eu sei lá... tenho de inventar formulas para me superar ... ) e com certeza muitas mais virão ao longo dele, eu sou o desassossego em pessoa. Forte abraço.