O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

A MORTE DA MÃE E DA MULHER


A MULHER FOI MORTA...


“Os ídolos imemoriais foram derrubados e foi preciso destruir, junto com eles, o seu suporte: a mulher-mãe, a mulher-deusa, a mulher-fêmea, a verdadeira mulher."
(...)
“As pessoas cultas denunciam hoje as atrocidades do colonialismo recente; os indígenas aniquilados, os feiticeiros africanos extintos, as civilizações negras martirizadas. Mas não falam dos nossos antigos totens que foram derrubados! De nosso Deus, que foi aviltado e perseguido! De nossas sacerdotisas, que foram exterminadas! De nossa mulher que foi subtraída! A velha Europa também foi colonizada e desfigurada. Sim senhores, ouso dizê-lo. Do ponto de vista puramente antropológico em que me situo, a história da Igreja católica é a história de uma guerra empreendida pelo estrangeiro contra um culto nativo muito antigo, muito poderoso, muito profundamente arraigado e de um crime bem-sucedido contra toda a raça fêmea. Nós perdemos essa metade senhores.
Como demonstrarei ela foi morta.”
(…)

Louis Pauwels - citado em Tantra O culto da Feminilidade, De André van lysebeth



Ana Ferreira Martins

Enquanto as mulheres não consciencializarem que têm vivido e estão a viver num mundo cerceado de elas próprias e de quase tudo o que é inerente ao feminino essencial, não há criatividade, não há completude, unificação, não se vislumbrará nunca o que de sagrado possa existir ou vir a existir nesta civilização. O caminho faz-se caminhando e por isso enobreço e admiro todos os movimentos que as mulheres vêm criando de forma a se tornarem visíveis neste mundo tão duro para nós!...Umas de uma forma, outras de outra, o que tentam é libertar-se do jugo dominante, do poder dos homens!...

A espiritualidade, o sagrado, há muito que nos é sonegado, debaixo da bandeira do capitalismo, do comunismo, ou de outras correntes economicistas ou religiosas!...é desse sagrado que temos que ir em busca e penso que aí sinto e vejo que há uma grande inspiração, vontade e intenção de desenvolver um trabalho de amor, de dedicação completa e também por estas mulheres eu sinto uma admiração tão profunda que não consigo transpor para o papel com letras e palavras, preferia usar as cores, os risos, os choros, os gritos, as canções de embalar...

Não tem sido fácil para nós mulheres, sermos!..., mas é tão gratificante sentir que algo está em curso, em movimento e com a minha esperança na vida acreditar que fora deste fuso de tempo e de espaço, existe um lugar onde todas e todos nos unificamos nos harmonia inqualificável de plenitude essencial. Querida Leonor, a sua dedicação e entrega vital à mãe e à deusa tem sido para mim um lago de águas serenas onde me banho quando penso que estou sozinha na minha dor e sofrimento por todas as mulheres terrenas, por mim própria, e por não perceber o verdadeiro alcance desta subjugação do feminino pelo masculino.
 

1 comentário:

Vânia disse...

Eu estou convosco nesse lugar nessa harmonia e plenitude. Abraço e gratidão por vos ler num lugar onde a minha solidão não está de facto só.