O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

HÁ UM SÉCULO...


AS DIFERENTES VISÕES 
do lado FEMININO e do lado MASCULINO


"Para o homem a dependência da mulher de um principio interior, cuja principal característica é a mudança, faz-lhe parecer volúvel e não confiável, justamente como a lua, também chamado de "planeta volúvel". Certas mulheres, sem dúvida, exploram as prerrogativas que lhes foram atribuídas pela sociedade e mudam de opinião arbitrariamente para satisfazer as suas próprias conveniências. Mas esse abuso de seus privilégios não altera o facto de que a natureza da mulher seja cíclica em si mesma, e bem separada de seus desejos pessoais ou egoístas. A natureza da mulher é impessoal e nada tem a ver com os seus próprios desejos; é alguma coisa inerente a ela como ser feminino que é, e não pode ser considerado meramente como algo pessoal. Realmente, o próprio facto de essas prerrogativas terem sido atribuídas à mulher, e de que ela não é julgada por critérios masculinos, é uma evidência bastante forte de que a humanidade reconhece que ela é governada por leis interiores diferentes das que regulam os homens. Para entender a mulher, então é necessário levar em conta o seu carácter semelhante ao da lua e compreender a lei da mudança que a governa.

Para uma mulher o carácter cíclico da sua vida é a coisa mais natural do mundo, mesmo que isso permaneça como um completo mistério para os homens. Qualquer mulher irá apoiar-me quando eu disser que a vida é cíclica. Se esta afirmação tiver que ser colocada psicologicamente precisamos de dizer que a vida não é cíclica, mas que a mulher experiencia a vida através da sua natureza sempre mutável e que, portanto, para a mulher, a experiência da vida é cíclica. Uma percepção subjectiva desse tipo é, no entanto, naturalmente projectada, porque ninguém em regra, questiona qual a parte das suas percepções pertence correctamente ao objecto, e qual a que depende das suas próprias qualidades como observador. Nesse caso, obviamente, se uma mulher está bem num dia e mal noutro, lhe parecerá que os objectos ou condições mudam ritmicamente, assim como o trabalho que é fácil hoje e será difícil amanhã. as coisas vão bem esta semana mas provavelmente estarão difíceis na próxima. Mudanças mais marcantes acontecem com os seus sentimentos: tudo se torna auspicioso e alegre no momento, mas pouco tempo depois estará melancólica e deprimida. Dessa maneira, a sua percepção subjectiva da vida é projectada no mundo exterior e ela sente a mudança cíclica como uma qualidade na própria vida.

Os homens que experimentam a vida principalmente através da sua natureza racional, o Logos, são incapazes de apreciar a qualidade da percepção (intuitiva e emocional) da mulher como sendo igualmente válida. É uma verdade o facto de que não temos nenhuma conhecimento exacto das coisas como são, enquanto todos temos preconceitos de que elas são como as vemos. Mesmo a nossa ciência, produto do ponto de vista masculino, pode bem ser preconceituosa e unilateral. Assim, naturalmente, não temos nenhum meio de saber se os homens não estão iludidos pela sua natureza masculina, tanto como as mulheres estão, obviamente, ludibriadas pela sua natureza feminina."
(continua)

in Os Mistérios da Mulher de Esther Harding (escrito em 1933)


UMA BREVE NOTA

Acontece que no período de quase... cem anos (de 1933 a 2016) as mulheres modernas, ditas emancipadas, adoptaram como seu o padrão do pensamento masculino exclusivamente e perderam completamente o contacto com o seu lado feminino, lunar e intuitivo e as mulheres mais modernas e intelectualizadas até negam mesmo esse lado instintivo e toda a manifestação cíclica da vida da mulher ligada ao seu lado lunar, à sua menstruação, as fases da lua e às marés, à gravidez e à mística do feminino, assim como às suas mudanças de humor atribuídas ao histerismo, falta de sexo etc. característico do principio do século XX e que passaram a ser hoje portadoras de novos sintomas e síndromes. Assim esse desafazamento entre o seu ser interior ignorado e calcado dá origem a todo o tipo de doenças novas como a fibromialgia e a bipolaridade ou as neuroses várias, para não falar do cancro da mama e dos ovários...

 Nada as move já do seu interior e subjectivo sentir, mas sim do exterior e objectivo, do lógico e do concreto, vivendo em total negação do seu feminino ontológico. E esta é a grande doença que se estende a quase todo o planeta civilizado. Mulheres e Mães sem nada de si para darem, apenas funcionais ao serviço do Sistema funcionais ao serviço do Sistema Patriarcal.

rleonor pedro

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