O CORPO DA MULHER É DIFERENTE DO HOMEM
E A SUA PSIQUE TAMBÉM.
- O corpo da mulher tem uma especificidade própria e isso significa que a mulher tem uma função e uma forma de ser diferente do homem. O seu sexo virado para dentro, e os seus órgãos interiores, são diferentes dos homens…e para além de ter o Útero e conceber e alimentar no seu ventre a criança que se forma a partir do encontro entre o espermatozoide e o óvulo, que é um processo em sentido único e inerente à fêmea, no resto das funções são complementares, em nada superiores ou inferiores um ao outro. Simplesmente cada corpo-ser, cada forma, seja na procriação seja no prazer cumpre uma função e tem uma maneira própria, não só biológica como emocional e cerebral, mas têm o mesmo fim que é realizar essa complementaridade interiormente do ser macho-fêmea. E nessa união fusional têm como propósito mais elevado realizar o SER total, para deixarem de ser feminino ou masculino e ser apenas o SER EM SI. Quero dizer que o ser individual vai para lá da sua categoria biológica, sexual ou cerebral, para se encontrar no centro de si mesmo, independentemente de ser à partida homem ou mulher mas sempre através dessa complementaridade, dentro e fora. Admito que há variantes sexuais, questões endócrinas, e outras, sobretudo culturais e sociais, mas à partida o processo mais natural e simples é o da complementaridade sexual. Pelo menos da perspectiva alquímica.
Temos descurado completamente, no plano prático, a questão iniciática da activação dos dois cérebros. Nada ou pouco sabemos acerca do potencial da activação dos seus hemisférios e vivemos apenas uma metade também. Usamos e desenvolvemos o lado racional e lógico, o masculino, mas o intuitivo e emocional, feminino, não. E ao relegar as funções do lado feminino, ridicularizando o emocional, rejeitámos as funções do hemisfério que lhe corresponde e assim negamos também essa actividade dupla do nosso cérebro.
Até hoje considera-se o nirvana ou o samadi e o êxtase como manifestações espirituais, separados do indivíduo e dos seus processos na integração dos dois em Um através, por exemplo, do orgasmo. Apenas o Tantra nos dá uma ideia da necessidade do encontro supremo da mulher e do homem enquanto formas sexos e princípios diferenciados cuja complementaridade é essencial.
A Tradição patriarcal raramente evoca a mulher nesse processo quando não mesmo a retira completamente das suas “altas iniciações”… como nos processos ascéticos…nuns casos elevam-na ao céu sem a tocar na terra, outros banem-na simplesmente do mapa.
Quanto aos processos xamânicos ligados a Natureza e aos seus ciclos Lunares só agora começa a vir à tona através das "Tendas Vermelhas" e em Círculo das mulheres um pouco por toda a parte, resgatando rituais e práticas que buscam a sua ligação com a sua natureza, restabelecendo a sua ligação às forças telúricas e ctónicas da Terra que foram remetidas para o inconsciente e para mitologia/arqueologia etc. Com efeito conhece-se hoje menos das práticas das mulheres do que as práticas do lado masculino, o caminho do guerreiro…
E conforme nos diz Clarissa Pinkola “A fauna silvestre e a mulher selvagem são espécies em risco de extinção”. No caso eu diria mesmo, a Mulher é um ser em risco de extinção cada vez mais perseguida explorada e violentada - violada e morta - pelas Mafias e pelo Sistema patriarcal.
Portanto a função da mulher e a consciência do ser mulher além de nos dar uma ideia adulterada do seu verdadeiro ser não está de forma alguma nivelada à do homem pela perseguição secular das suas qualidades instintivas que a mantinha em contacto com a sua natureza íntima e portanto com a Terra. Ninguém me pode vir dizer que a mulher moderna está apta para se exprimir no expoente máximo das suas qualidades intrínsecas. Ninguém.
Rosa Leonor Pedro
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