O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 30, 2018

GÉNEROS...



FEMININO VERSUS MASCULINO


Há mais de ano vi um documentário holandês na televisão sobre transexualidade, e se não estou em erro, parte dela, passava-se no Irão. Entre vários  depoimentos e testemunhos de “homens” e “mulheres” sobre as razões e os factos que os levaram a optar por mudar de sexo, seja por não se sentirem bem na sua pele, ou porque o homem em questão tinha uma sensibilidade mais feminina ou ainda uma paixão por outro homem (proibida no Islão) e os motivava a mudar sexo ou ainda o sonho de ser mulher, no caso dos homens biologicamente machos, assim como no caso de uma mulher.

O que eu vi, para além de um sofrimento atroz, quer no plano psicológico quer no plano físico, no caso da mutilação genital, era o absurdo e grotesco de uma sociedade regida por preconceitos e dogmas religiosos caso dos árabes,  em que o ser humano é condicionado a viver de acordo com uma história escrita há centenas ou milhares de anos, um mundo cheio de tabus para mulheres e que as aprisiona nas suas leis RETRÓGADAS E ESTÚPIDAS, anti-naturais, sendo para eles mais legitimo mutilar ou cortar os genitais a um homem homossexual e dar-lhe identidade feminina -roupas e nome de mulher -  do que simplesmente aceitar a homossexualidade proibida pelo Corão.
Ora o que nesse e noutros países de fundamentalismo islâmico, assim como o mundo cristão de um modo mais atenuado, é uma definição sexual e psicológica dos seres que não corresponde à realidade do SER em si, À SUA TOTALIDADE.
A total ignorância de que o ser humano é um ser ambivalente, contendo em si os dois “sexos” que são a expressão da dualidade inerente a toda a manifestação de VIDA, sendo o homem expressão visível do princípio masculino (YANG) e a mulher (YIN)  o princípio feminino, mas contendo em cada um o outro como um par de opostos complementares a integrar. Assim naturalmente homem e mulher são em potencial e em simultâneo feminino e masculino, embora a expressão sexual de cada um deva, em princípio, corresponder ao comportamento macho e comportamento fêmea de acordo com os seus órgãos genitais. Sabemos no entanto que existem casos de indefinição sexual à nascença, pode nascer-se sem sexo definido ou ter os dois sexos o que nem sempre é perceptível aos olhos dos pais e nem dos dos médicos, como sejam casos de hermafroditismo. Nesses casos podemos ter então comportamentos contrários ao género escolhido ou ao padrão estipulado, isto à parte do que é à partida tido como feminino e masculino, tudo tão ridículo como o azul e cor-de-rosa, e aí começam os primeiros equívocos de identidade formatando as crianças que as leva a dramas e a psicoses e sobretudo vemos esse erro GROSSEIRO de uma ciência reducionista tanto  como a psicologia por vezes, que não vê mais do que a mente o corpo e órgãos...em separado! Então a “solução” é operar a menina ou o menino e corrigir a natureza… Quando é caso clínico claro, quando não, mais tarde na puberdade se for essa a questão mais do foro psicológico ou hormonal, só na idade adulto o sujeito deveria decidir mudar ele próprio de sexo…Mas é aí que começam os maiores conflitos, os dramas, as dores, depois dos problemas imensos com a família a perseguição da sociedade a condenação da religião etc…levados até às últimas consequências que é o caso da mutilação genital, que quanto a mim não resolve nada senão na aparência. Isto no caso do Irão que sendo um país islâmico e fundamentalista, o facto de no Corão estar escrito que não é permitida a sodomia, como não está escrito que não é proibido mudar de sexo, isto dito por um chefe religioso, então a religião islâmica aceita a operação que no fundo é a castração dos seus homens preferível à homossexualidade.

Segundo essa reportagem, e no  dia seguinte à operação o homem recebe então um bilhete de identidade de mulher com um nome feminino. E a aberração social ou religiosa começa aí. Porque se a sociedade compreendesse o ser para lá dessa dicotomia dos sexos e das aparências dos factos, se aceitasse as pessoas como elas são essencialmente e naturalmente e para lá das suas ficções religiosas dogmáticas e do fanatismo instituído, da ideia de família restrita, tudo seria mais natural e mais simples. BASTAVA ACEITAR E RESPEITAR A PESSOA HUMANA NA SUA EXPRESSÃO PRÓPRIA E INDIVIDUAL!

Bastava que se alargasse a noção de feminino e masculino, para lá dos conceitos estreitos, bastava que os sexos não tivessem que corresponder a padrões de comportamentos secundários específicos, bastava que se ampliasse a questão para uma dimensão da alma e para o espírito de amor HUMANO E Universal e que a liberdade de amar não dependesse de regras e leis definições ou rótulos…
Com isso poupava-se muita dor e muito sofrimento moral e físico. E no fim também seria atenuado o equívoco e o absurdo que é estipularem para cada sexo apetências e aspectos determinados, comportamentos estereotipados e se diferentes sancionados.
Nesse mesmo programa vi o caso de um casal homem-mulher e mulher-homem, em que o homem era já operado, mas a mulher não, que viviam os dois trocados na sua identidade inicial, mas com par e    não sendo nenhum homossexual…a mulher era o homem num corpo óbvio de mulher (mascarado) e o homem que tinha um corpo masculino operado, dançava mascarado de mulher a dança do ventre para “o esposo” que não era AINDA operada, a mulher-homem… Ele vestia as roupas que tinham sido dela enquanto ela vestia as roupas que eram dele…disseram, a rir ...roupas também trocadas.

Moral da história, para que mudaram de sexo? Se afinal viviam como homem e mulher trocando entre si de papéis? E sexos…Que sexos?
 E para finalizar da minha experiência pessoal, conheci  e lidei  também  pessoalmente nos anos 70 um dos primeiros transexuais em Portugal…era um homem muito bonito, casado (diziam) com uma psiquiatra e que tinha três filhas, mas amava os homens...depois da operação para mulher ele/ela, passado uns tempos, achou que os homens eram muito brutos e passou a gostar de mulheres dizia ele/a…ser lésbica...
Haverá algum sentido nisto quando de facto o ser humano é vasto como o mar e um mistério tão grande como o Universo? Sim, o Uno mais o Diverso...

rosa leonor pedro
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