A SERPENTE É LILITH...
"A mulher e a Gênesis e a sua sexualidade.
A serpente aparece representada com frequência na antiguidade, era o símbolo da sexualidade da mulher, a representação da volúpia, da vida e da fertilidade impulsionada pela libido e os desejos da mulher.
Na Gênesis, que coincide com a data que marca a generalização da revolução patriarcal, a serpente torna-se o símbolo do mal que induz o pecado ao desobedecer ao Senhor, que representa o bem. O senhor condena Eva e a todas as mulheres por se deixar seduzir pelas serpentes e a parir com dor e a viver sob o domínio do homem.
Com o triunfo do patriarcado e a ligação da serpente à mulher, aparece a nova ordem simbólica: O Olimpo enche-se de deuses e esculápio, Deus da medicina, apodera-se da serpente, que hoje tal como um troféu de guerra ainda se exibe nas montras de farmácia.
O controle da capacidade reprodutora da mulher implicou a aparentes dos seus desejos e a eliminação da sua libido para fazer funcionar o seu corpo escravizado e robótico de acordo com os fins específicos da nova ordem patriarcal: Reproduzir escravos e guerreiros, bem como escravas e futuras mães insensíveis. Ao sofrimento da sua prole; em vez da vida exuberante e pacífica que chegou a existir nos palácios das sociedades matricéntricas do neolítico.
O prazer que acompanha as funções sexuais e que das relações de apoio mútuo como garantia da conservação da vida, ou seja, o princípio do prazer, é cortado e as funções sexuais são feitas com dor.
O corpo rígido da mulher, cortado e os sons emitidos pela serpente que a animava, fica nas mãos da medicina, a ciência que se ocupa dos corpos devastados das mulheres que têm sido privados da sua capacidade de autoregulação.
Do Histeron (útero) à histeria (doença das mulheres submetidas à ordem patriarcal). Das orgias com cogumelos e cravagem de centeio, à ocitocina injetada na veia sobre as mesas hospitalares: o mesmo órgão, a mesma química, mas desprovidos da sua essência vital, do desejo da mulher, da SERPENTE. .
---- texto adaptado de casilda rodrigáñez ----
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