O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, dezembro 30, 2019

O poder da mulher que lhe foi extripado...



A SERPENTE  É LILITH...

"A mulher e a Gênesis e a sua sexualidade.

A serpente  aparece representada com frequência na antiguidade, era o símbolo da sexualidade da mulher, a representação da volúpia, da vida e da fertilidade impulsionada pela libido e os desejos da mulher.

Na Gênesis, que coincide com a data que marca a generalização da revolução patriarcal, a serpente torna-se o símbolo do mal que induz o pecado ao desobedecer ao Senhor, que representa o bem. O senhor condena Eva e a todas as mulheres por se deixar seduzir pelas serpentes e a parir com dor e a viver sob o domínio do homem.

Com o triunfo do patriarcado e a ligação da serpente  à mulher, aparece a nova ordem simbólica: O Olimpo enche-se de deuses e esculápio, Deus da medicina, apodera-se da serpente, que hoje tal como um  troféu de guerra ainda se exibe nas montras de farmácia.

O controle da capacidade reprodutora da mulher implicou a aparentes dos seus desejos e a eliminação da sua libido para fazer funcionar o seu corpo escravizado e robótico de acordo com os fins específicos da nova ordem patriarcal: Reproduzir escravos e guerreiros, bem como escravas e futuras mães insensíveis.  Ao sofrimento da sua prole; em vez da vida exuberante e pacífica que chegou a existir nos palácios das sociedades matricéntricas do neolítico.

O prazer que acompanha as funções sexuais e que das relações de apoio mútuo como garantia da conservação da vida, ou seja, o princípio do prazer, é cortado e as funções sexuais são feitas com dor.

O corpo rígido da mulher, cortado e os sons emitidos pela serpente que a animava, fica nas mãos da medicina, a ciência que se ocupa dos corpos devastados das mulheres que têm sido privados da sua capacidade de autoregulação.

Do Histeron (útero) à histeria (doença das mulheres submetidas à ordem patriarcal). Das orgias com cogumelos e cravagem de centeio, à ocitocina injetada na veia sobre as mesas hospitalares: o mesmo órgão, a mesma química, mas desprovidos da sua essência vital, do desejo da mulher, da SERPENTE. .

---- texto adaptado de casilda rodrigáñez ----



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