O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, julho 04, 2023

O CAMINHO DA MULHER




O Caminho da Mulher é o caminho do reencontro consigo mesma, com a sua alma. Só a mulher, a mulher plena e senhora de si, pode trazer o verdadeiro sentido da vida neste caos anunciado...

O caminho da mulher é o redescobrir da sua força interior, da sua ancestralidade, da mulher que emerge dentro de si mesma, a mulher que se ergue POR SI SÓ e se distancia da mulher que foi dividida em deusas e em estereótipos sendo SUBESTIMADA, para que se tornasse amestrada, narcotizada, drogada, vampirizada e negada como uma totalidade em si mesma. Trata-se do resgate da sua mulher original selvagem, da sua Medusa, da mulher primeva, Lilith, e Pandora, a mais oculta de todas as sombras da mulher…Afinal, trata-se de recuperar a sua verdadeira identidade, a sua Anima, a sua força criativa…e só a força de Lilith poderá libertá-la da saturação do masculino e do seu domínio sexual e emocional que a vampiriza em todos os sentidos e a faz igual ele.
Sem que a mulher se redescubra e se reestruture a partir desse íntimo ser em si mesma - no mais recôndito dela mesma - ela vai continuar a “dar-se” sem limites ou a vender-se…vai continuar a ser absorvida pelos homens, pelo sexo, pelos filhos e pelo sistema…continuará a escrava de um escravo…

Quando eu digo que a mulher não tem identidade…é porque não vemos o quanto fomos afastadas de nós mesmas e sujeitas a maior violência seja ela fisica seja ela psicologica e tal como diz Casilda Rodrigañes, "temos a violência contra nós mesmas tão entranhada que nem sequer damos conta dela."

 Nós não vemos nem percebemos hoje em dia, de tal forma estamos longe da nossa essência e verdade, como a mulher foi amestrada pela sociedade e as religiões para servir e cumprir um papel, e quando eu digo isto muita gente me acha radical…alegando que hoje em dia já não é assim e que a mulher é livre...mas quando eu olho a Mulher e vejo que ela não é mesmo nada em si a não ser como mulher objecto…ao serviço da espécie…o que eu sinto é que isto é uma atrocidade enorme e que as mulheres tinham de acordar deste sono milenar, desta anestesia geral que as torna ainda hoje sonâmbulas e obedientes ao padrão…e que mesmo quando se revoltam e se despem…fazem-no ainda expostas aos predadores e continuam vítimas dos seus assédios e dos seus instrumentos de propaganda. Como é o caso das marchas das vadias ou das putas… Não, não é expondo a sua nudez em nome da sua liberdade, nem do seu corpo que elas vão ser elas mesmas livres …mas saindo dessa escravidão interior ao sexo e ao corpo de desejo…sair de vez desse plano de inferioridade que as leva a reagir ao mesmo nível e com as mesmas armas que os homens e em que sempre perdem…
Mas como fugir a esse destino que parece ser inexorável e irreversível para a grande maioria das mulheres, completamente programada e formatadas pelo sistema a publicidade e os Midea?
Como fugir ou contornar as ideias e os preconceitos que a sociedade incutiu no seu espírito e as marcou, como fugir aos ditames de uma sociedade patriarcal e as suas normas que as cindiram, que as dividiram em duas... sabendo que essa divisão na maior parte das mulheres é absolutamente inconsciente...
Como fugir a esses padrões em que a mulher foi educada, presa por todos esses parâmetros por que se rege a sociedade falocrática, que vive do imperativo do sexo, um sexo de afronta fosse como mulher adultera ou prostituta hoje como mulher "livre" que se dá e se expõe da forma mais ignominiosa…para além de todas as ideias de que a nossa cultura, filosofia ou religião estão impregnadas e que permitem ainda essa exploração da mulher, alimentando a prostituição, incrementando essa divisão antiga, a separação da mulher como coisa usada e descartada, exibida e vendida como se fosse a coisa mais natural do mundo…
RLP