O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, julho 10, 2023

A REVOLTA DAS MULHERES?



É PRECISO ENCARAR A NOSSA RAIVA - OLHAR A MEDUSA 
- A REVOLTA DAS MULHERES...faz-se pela CONSCIÊNCIA DE SI ENQUANTO SERES INDIVIDUAIS.


As feministas, baseadas na frase de Simone de Beauvoir, filosofa marxista e existencialista, que partindo da ideia clássica de que a existência precede a essência “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, nega a mulher original ou permite que assim se faça esta enorme confusão sobre a identidade biológica e  hormonal da mulher que, efectivamente nasce mulher, e partem dai para uma serie de pressupostos marxistas e dentro da mentalidade da epoca, há quase um século, que descaracterizaram a mulher feminina na recusa do modelo de virtude da mulher casada e doméstica, educada pela familia desde menina para servir o homem e com isso elas acabaram por negar a mulher essência - como o fez Simone de Beauvoir. 
O género é uma elaboração intelectual baseada nos estereótipos que se criaram da mulher ao longo das épocas e em que a mulher sempre foi destituída da sua expressão natural e do seu potencial para ser apenas aquilo que os homens quiseram. Ora é partindo desta premissa que se diz que a mulher não nasce mulher e é feita ou construida pela sociedade e cultura etc. Mas o que foi ignorado e branqueado é que nunca foi dado a mulher a expressão do seu ser original, porque ela  sempre esteve oprimida e  condicionada por variados modelos e estereótipos que o homem foi construindo sobre uma idealização religiosa e social de controlo da sexualidade feminina e assim a anulação do feminino essencial. 
E entre tantos estereótipos, o ultimo e mais recente, o da mulher como dona de casa  mãe e esposa, infantilizada e frágil, e que era uma construção cultural baseada no dogma católico digamos, e por isso acabaram por contrapor uma imagem masculinizada da mesma, profissional e executiva ou trabalhadora ou policia, ou  uma mulher sexual livre que se dá sem preconceitos e assume uma sexualidade activa...E dessa forma e sem nunca entenderem qual seria a verdadeira mulher em si se esta tivesse sido livre de se expressar enquanto mulher nascida mulher e não desviada dos seus instintos e intuição, sujeita à educação e as leis do patriarcado desde que nasce. 
Partindo dessa leitura superficial e social, as feministas acabaram por  considerar o feminino assim formatado até então, como fruto de uma mera educação e aparência, não quiseram ver que a Mulher foi desviada da sua natureza intrínseca e nunca se exprimiu de acordo com a sua verdadeira mulher. E assim, elas transformaram a mulher num homem manqué o que permitiu por sua vez  toda esta confusão de géneros e a deriva da agenda LGBT+ trans que desse modo acha que ser mulher é sentir-se mulher e que é ser homem é sentir-se homem???   

O que aconteceu durante estas décadas, foi que a mulher verdadeira e original não pode nunca ser ela mesma quando as feministas ao defenderem a igualdade se transformaram em homens e assim se afastaram definitivamente dessa dimensão do feminino profundo e da beleza da mulher e da sua essência. Ai  foi criada uma falsa mulher pelos homens da moda e pelos travestis e ainda a partir do imaginário masculino, que aproveitando essa descaracterização da mulher, recriou uma mulher de ficção, de plastico e silicone, conforma a onda, ora retirando-lhe os seios e as ancas convertendo-as em rapazes manqués ou em mulheres sofisticadas e e de silicone como fazem hoje os trans. ou ainda as novas  mulheres robots, perfeitas e imutáveis.  

Ora o que falta à mulher de hoje portanto, a mulher que aparentemente conquistou um lugar na sociedade e que luta pelos seus direitos e igualdades, a grande bandeira das feministas, foi a referência do seu verdadeiro feminino que é intrinseco, o que a impediu de também lutar  pela sua dignidade, pela sua inteireza como mulher, adentrando no que é a Dimensão Ontológica do seu ser e o principio feminino, que corresponde a uma força e a uma dimensão diferente.

E o que vemos agora é que, apesar de todas essas conquistas e direitos adquiridos (?) nas ultimas décadas, elas não sabem como entrar em contacto com a mulher que ela é, a mulher essência, a mulher autêntica, a mulher ancestral, a mulher eterna, a mulher instintiva, porque ela é apenas uma metade mulher (ora santa ora puta, ora luz ora sombra, ora anjo ora demónio) que negou uma parte de si primeiro através da religião, que a amputou de uma parte de si (a instintiva e sexual) e a aprisionou no dogma baseado na ideia do pecado, dogma que a sentenciou como eterna pecadora e culpada, na mente colectiva e ainda permanece nos nossos dias no apontar do dedo constantemente as mulheres e a depreciação normativa da sua pessoa. E se por um lado a mulher moderna afastou de si essa imagem arcaica, e tentou fugir a esse estigma fê-lo apenas na aparência e na superfície - culturalmente parecia que sim -, mas esse estigma ficou marcado ou imprimido no inconsciente colectivo (como um chip) e prevalece no pensamento masculino e manifesta-se sempre que o homem é confrontado com a imagem da mulher que sai dos padrões e do domínio social patriarcal e da sua vontade egoica de homem possuidor e dono da mulher. Isso está bem patente nos crescentes crimes de feminicídio e violações tal como na violência doméstica.
Assim, a mulher intelectual, a mulher que se julgava já liberta de preconceitos religiosos, tanto como a mulher religiosa, ambas não querem encarar esse lado Sombra da mulher que é sempre dada como culpada e que afecta todo o seu ser desde menina - toda a a educação da mulher é castradora da sua natureza profunda - porque não quer lembrar-se de feridas profundas e de coisas ditas atávicas que lhe valeram perseguições e também a grande alienação da sua própria mística, e que contundo persistem.
Desse modo, tanto uma como  outra,  a mulher religiosa como a mulher intelectual moderna, perderam a dimensão secreta do seu ser interno, a coesão entre o seu ser instintivo e a razão, a ligação da sua alma ao corpo e ao espírito e enquanto ambas não equacionarem o seu ser ao nível dessa totalidade que são, ao nível das energias cósmicas por um lado, o céu, e as energias telúricas, da terra, por outro, e saber  que ela é a sua representante privilegiada, ela não conquista verdadeiramente nada para si nem para a Vida na sua real dimensão.
E é por isso que todo o movimento de libertação das mulheres e a sua suposta emancipação está neste momento posto em causa em todo o mundo sob a ameaça inclusive de a mulher perder a sua identidade para as teorias de género que mais uma vez vem branquear e tentar destruir o que resta dessa Mulher Essência - porque a mulher nasce mulher ...e a sociedade marxista e machista lhe quer tirar essa condição...
Porque é que a sua essência e matriz são sonegada hoje pelos movimentos culturais e ideologia marxista é porque o que ela Mulher É em si mesma possa ser uma nova ameaça para os poderes da sombra que querem controlar o Mundo - pois o Poder da Mulher que consiste na revelação do milagre do Amor e da dádiva humana quer como Mãe pela Concepção da criança, quer como mulher iniciadora do homem eeles tudo fazem para que a mulher se perca completamente na abjecção do sexo pelo sexo e na banalização, na vulgaridade das suas vidas quotidianas sem essa dimensão do Sagrada do Feminino, como parte integrante do SER MULHER como mulher inteira.
O Feminino Sagrado, contuno em umas décadas apesar de tão profanado ao longo dos séculos e agora diria profusamente vulgarizado, banalizado, o que parecia apresenta-se como a grande alternativa à consciência de um feminino fracturado, permanentemente dividido e em conflito em quase negação na mulher dos nossos dias, também ele se converteu em grande parte ao logro da New Age. Muitas mulheres que passaram pelos movimentos da deusa ou pro grupos estão hoje a aderir com uma facilidade absurda as ideologias de género sem perceber a traição que fazem ao seu ser essencial, a sua identidade, negando a sua biologia e que nascem mulheres. 
Se a mulher não recuperar essa dimensão de si, se ela não entrar de novo em ressonância com o seu verdadeiro feminino, aquele que ficou na fronteira das reivindicações materiais dentro das concepções ideológicas da sociedade capitalista ou positivista marxista, ela nunca atingirá um patamar de verdadeira realização interior e limitar-se-á a viver a parte exterior do seu ser e quase apenas o seu lado masculino…transformada em objecto sexual ou até substituída pelos transsexuais e bonecas de silicone...

Rosa Leonor Pedro


O PONTO DE VISTA DE SIMONE: 

"O Seu ponto de partida para essa teoria é uma ideia clássica do existencialismo de Sartre, a afirmação de que “a existência precede a essência”. Com isso ele queria dizer que o ser humano não tem uma essência ou identidade definida ao nascer. Ao contrário, primeiro existimos e a partir das escolhas que fazemos vamos definindo nossa essência, aquilo que somos. Se vamos nos dedicar à filosofia ou entrar para o exército, se vamos ser pacíficos ou agressivos, se vamos ser homossexuais ou heterossexuais – tudo isso é, para o existencialismo, o resultado de uma escolha.

Partindo disso, Beauvoir escreve que “a fim de explicar suas limitações, é a situação das mulheres que deve ser invocada, não uma essência misteriosa; assim, o futuro permanece largamente aberto”. Quando ele fala em limitações, está se referindo ao fato de as mulheres não votarem ou não trabalharem em certas profissões que eram reservadas para homens na época, entre outras.

Nesse ponto ela contraria a visão comum na época, que acreditava que as limitações das mulheres eram o resultado de sua natureza. De acordo com essa visão, se as mulheres cuidavam da casa e dos filhos ao invés de trabalhar fora era por causa de sua natureza. Se não participavam da política, era porque naturalmente eram incapazes de desempenhar essas funções.

Beauvoir argumenta, ao contrário, que a mulher não nasce com uma essência definida, ela se torna o que é a partir de sua educação e de suas escolhas. Ela não é por natureza incapaz de cuidar de assuntos políticos ou se dedicar a atividades fora de casa. Ao contrário pode fazer isso desde que não seja tolhida pela educação.

A filósofa argumenta que a mulher foi educada historicamente como inferior e secundária ao homem de três formas.

Ela explica que a sociedade ensina a mulher, em primeiro lugar, a satisfazer as necessidades do homem e, então, existir para o homem.

Em segundo lugar, a não ter valor em si e buscar validação externa para seu valor.

Seu terceiro ponto é de que as mulheres historicamente tiveram poucos direitos e, portanto, menor influência pública.

Beauvoir usa uma comparação, dizendo que a menina é “tratada como uma boneca”. O que ela quer dizer? Uma boneca é um meio poderoso de identificação. Através dela, a menina aprende se identificar com a condição de ser despida, arrumada e envaidecida enquanto não age por si mesma, mas permanece passiva.

Ela aprende a objetificar a si mesma, assim como o homem objetifica a mulher. A boneca é submissa: seu papel é ser despida, ouvir os segredos de sua dona, confortar ela quando está sozinha e permanecer em casa quando ela está na escola.

Beauvoir argumenta que, quando a menina cresce, ela se encontra na mesma situação da sua boneca. Como uma mulher, seu papel será atrair um marido com sua beleza, ouvir atentamente seus problemas e esperar em casa por ele enquanto está no trabalho.

Seja de plástico ou de carne e osso, a mulher é apenas um acessório. Beauvoir afirma que mesmo se uma mulher não casar, ela ainda vai se adequar a padrões masculinos, por causa da pressão externa, como a produzida pelas indústrias da beleza, dieta e moda, as quais são todas cúmplices em perpetuar a objetificação da mulher."

in PROFESSOR NA ESCOLA


1 comentário:

Anónimo disse...

Esquecemos de tudo isso. Eu mesma estou pensando por esses dias, ao relatar minha história e minha dor, que já estava sendo ignorada de certo modo por essa minha fala, que as mulheres esqueceram de si mesmas e eu estou buscando uma que não existe?! Estão sempre a querer fazer algo e não a sentir...e acolher todas as bandeiras...eu desejo cada vez mais ser eu mesma, para além de tudo o que vivi até agora. Grata Rosa, sempre me levas além e me tira do sono profundo. Beijos Bruna