O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
quinta-feira, janeiro 16, 2003
"Tu és o pássaro azul e tu és o pássaro verde; tu és a nuvem que esconde o relâmpago, e tu és as estações do ano e os oceanos. Para além do princípio, tu estás na tua infinitude, e todos os mundos tiveram em ti o seu princípio."
OS UPANISHADES
MEMÓRIA INTEGRAL
Sou uma memória integral
Carrego vidas recorrentes
na minha vida de agora
mas nada sei da memória causal
a definir-me no dia que ora passa
Habitam-me memórias de profundis
os manifestos efeitos
de existência em existência
Parto e chego
recomeço inconsciente
enquanto
as vozes abafadas
fundíssimas e subtis
incontroláveis
maniatam o livre ser
que eu me creio
Ergue-se um véu antigo
logo outros mil ocultam
histórias sem fim
cóleras águas velhos enredos
choro de alma aprisionada
intermináveis desvios
Sou uma memória integral
uma antiga colectânea
de registos infinitos
camadas sobre camadas
superimpostas
pelo passar inexorável dos tempos
Lembranças de amor e desamor
impressões vagas
sufocantes
do canto da alma
Feridas abertas mas não expostas
Sou
a criadora
da memória total
que eu sou
Sou
a zelosa guardiã
de prisões que me teci
e preservo
Património antigo não visitado
não entendido
á tíbia luz do momento que passa
Sou uma memória integral
caminhante uma vez mais
pelo mesmos gastos caminhos
De entre a luz espreitam as sombras
dos tropeços dos enganos
que engendrei
Sou uma memória integral
Sou memória
Só
Mariana Inverno
Londres, 1 de Maio de 2000
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