VISÃO
Que memórias às vezes me acordam, de onde vêm?
Luzentes e fulgurantes, como raios,
mais parecem fadas luxuriantes,
pontos distantes de luz, que me ofuscam a mente.
Que visão instantânea de um mundo oculto,
por pensamentos turvos, obscuros, permanentes!
Abre-se por momentos, a visão de outro ser
que já fui autrora..
recordações de auroras luminosas,
memórias de seres radiantes
etérios, brilhantes,
cheios de ternura deslumbrante
que eu nunca encontrei aqui...
Fadas, sim!
A anunciar reinos distantes perdidos de nós,
Robôs do século XXI.
"ANTES DO VERBO ERA O ÚTERO"
- livro a editar brevemente
VENHAM FADAS...
Venham fadas para a sua morada!
venham para a sua hora dourada!
venham até nós por favor!
Fadas dancem com louvor! Espíritos do Ar!
Formosas criaturas do lar!
Venham fadas, venham me abraçar!
Estou aqui para te contemplar!
Venham para a minha canção!
Me ajude com a sua varinha de condão!
Venham enfeitar a natureza!,
E seduzir todos com sua mágica pureza!
in "AS BRUMAS DE AVALON"
FONTE DE VIDA
(...) Mas tu, com os teus braços de raiz aérea,
puxas-me para esse cimo de montanha onde o silêncio
se transforma em sílaba – a sílaba inicial
do mundo, a interrogação do gesto nascente de todas as
origens, o soluço de um suicídio de murmúrios,
percorrido pela única percepção inútil: a da vida
que se esvai no instante do amor. E encostamo-nos à pedra
abstracta do horizonte. A que nos deixou sem voz quando
as grutas do litoral se abriram; para que a pedra nos beba,
gota a gota, todo o sangue. Então, é nas suas veias
que correm as nossas pulsações. E afastamo-nos, devagar,
para que a terra viva através de nós
uma existência puramente interior, despida
do fulgor animal das manhãs. Sentamo-nos
no mais longínquo dos quartos, de janelas fechadas, e
abraçamo-nos com um rumor de primaveras clandestinas,
com o inverno nos olhos.
NUNO JÚDICE
In A Fonte da Vida (excertos), 1997
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