O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 06, 2008

SEM TI MÃE, SOU UMA SOMBRA DE MIM...




LILITH

Sem ti mãe sou uma sombra de mim não sou ninguém.

Vou minguando com a lua e desapareço na noite escura
como louca varrida a praguejar.
Não te ver e tocar converte-me a todo o mal!

Sou a bruxa endemoninhada que anda de vassoura
a rir de escárnio no ar.
Sou o súcubo que cobre o macho perdido nas noites de luar,
sou a megera que devora criancinhas e as rouba às mães para matar...
Sou a serpente alada que deita fogo da boca e incendeia as casas,
a cadela que ladra de raiva....
Lilith que se intromete o casal e o desfaz.
Sou Perséfone perdida nos infernos à tua procura,
no mito de te encontrar!

Senhora, sem ti sou promíscua, infame, venenosa e má!

Rasgo as estrelas do teu manto com unhas escarlate,
uivo como uma loba e sou o vampiro das lendas,
que destrói túmulos e cemitérios
e caça donzelas nos umbrais.

Sem ti, mãe, sou uma sombra de mim não sou ninguém!

E enquanto a tua visão ou aparição não me iluminar,
eu serei apenas a louca varrida, ou, mais tarde,
a velha desgraçada bêbada pelas ruas
a murmurar impropérios
perseguida pela turba ignorante e suja,
apedrejada!


in "Mulher Incesto - Sonata e Prelúdio"
R.Leonor Pedro

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bonito...
Marian

Vitória disse...

Terno e aconchegante a imagem da necessidade da mãe...obrigada...uma boa semana e um abraço..:))

Sirius disse...

Desesperador o apelo....mas assim o é, lamentavelmente...

beijos

Anónimo disse...

Quando não há Mãe não há nada...

rosa leonor