O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, agosto 26, 2009

ENTRE ESTA "REALIDADE" E O SONHO...


“A luta das mulheres não é dirigida contra os homens enquanto indivíduos, mas sim contra as instituições fechada a sete chaves, que os mantêm à cabeça dos negócios.”*

Eu concordo em parte com a autora do livro, mas o problema não são as instituições fechadas mas as cabeças fechadas a sete chaves dos homens que as controlam e que fazem da mulher um ser dependente ou subalterno e não são capazes de encarar metade da humanidade como parte integrante do seu mundo. Esse é o drama da “fraternidade masculina” (“Os direitos do Homem” e as suas lutas e revoluções ) para quem a mulher é um apêndice ou um utensílio, um animal reprodutor, um objecto de prazer ou de marca, mas nunca um semelhante. Não, não falo em igualdade mas em semelhança, em complementaridade humana, em metade da Humanidade.

Representar a Humanidade Homem e Mulher (não só na casa como doméstica e bem domesticada), em palavras e nos discursos ou em lugares de gestão só se pode fazer através dos dois seres distintos e complementares que o homem e a mulher são. Dizer A Humanidade ou o Homem incluído nesse termo a mulher, já não pode ser…já não faz sentido, não se pode consentir mais nesse absurdo, no entanto ninguém quer dar importância a isso, nem as mulheres!
Mas mais ainda, mais do que salientar a semelhança da mulher, a sua paridade com o homem, importa salientar o papel preponderante da Mulher e da Mãe e como referência primordial que é para o ser humano à nascença tanto homem como mulher.
Mas o que fizeram a s Instituições e as Religiões e as Revoluções ao longo dos séculos?
Destruíram paulatinamente os atributos do grande feminino, todos os cultos e referência da Deusa Mãe e os valores que consagravam a Terra e a Natureza como sagrada. Relegaram a mulher para um papel secundário e irrelevante e com isso desautorizaram a Mãe e a Mulher do seu papel legítimo, papel de educadora da criança, de formadora de caracteres. Ao desacreditá-la, roubaram-lhe a alma e também o carácter. Começaram a destruir a Terra em seu benefício, a Natureza foi dizimada, assim como os animais, sujeitos às mais ignominiosas experiências e fins e os seres humanos foram feitos escravos de outros homens, não esqueçamos.
Desse modo, todos nós somos frutos de uma sociedade desnaturada, fraudulenta, injusta e violenta; em suma, uma sociedade coxa, que funciona só com uma perna, uma metade de si, que usa só uma parte do seu cérebro, que exibe a sua força através da violência e da destruição, que obriga a matar só porque priva metade da sua população do direito de SER Humano e de realizar o seu papel na plenitude…
Porque se a Mulher fosse a Mulher e a Mãe, se a Natureza da mulher e a Natureza da Vida fossem respeitadas, se basicamente o Princípio Feminino estivesse activo, o Princípio Masculino estaria equilibrado. Esse é o grande princípio do Tão e do Equilíbrio da Ordem do Universo. Foi isso que os padres do deserto, os patriarcas misóginos e os filósofos pederastas, os loucos e os ambiciosos fizeram do mundo…
Tudo isso com um fito, tudo com um só objectivo…o de explorar e de escravizar a maior parte de seres humanos no planeta ao serviço dos interesses das elites, dos seus Impérios e de todos os poderosos do mundo inteiro, sejam eles chineses, pretos ou brancos…
Os Sistemas são todos sistemas de controlo do individuo mantendo-os preso ao medo, à usura e a ideia de carência, obrigando-os a trabalhar como escravos do sistema, dia a dia, todos os dias da sua vida e a viver com medo da morte anunciada, medo de deus e do diabo, medo do inferno calculado, porque são mantidos na mais estrita ignorância através da “educação machista e predadora” e da “cultura” do medo e da morte” mas sobretudo e à partida privando e negando às suas mulheres, às mães e ás amantes a sua individualidade, mantendo-as longe do seu desígnio de mater e matriz, do seu poder interior fecundo, da sua consciência superior.
Neste Sistema (do capital e do trabalho) a Mulher e o ser humano comum não são ninguém…

Vejamos agora o preço que pagam as mulheres inteligentes ao acreditar no Sistema…

A Utopia das Mulheres:
O que é e só Apenas um sonho…

TIVE UM SONHO
(…)
“Gosto de sonhar que, um dia, haverá lugar par ao outro em cada cérebro humano, tal como existe lugar para o outro no corpo das mulheres. O outro que acolhemos durante o amor. O outro que concebemos com a nossa própria carne e para o qual cessamos de produzir anticorpos até ele ser suficientemente forte. Sonho com esa talento do corpo das mulheres a alastrar-se para o espírito das mulheres, dos homens e das suas leis. Com o corpo das mulheres, aberto ao outro, transmitindo uma mensagem de tolerância e de respeito. A paridade não é nenhum cálculo. É um símbolo de aceitação.
O sexo que desde sempre está no comando vai ter de aprender a pensar no outro, a partilhar, para o bem-estar geral a para a justiça social. Parar de impor a sua lei pela força e pelo desprezo. Afastar-se um pouco, deixar um espaço para aquelas que a nossa história obrigou ao silêncio. Toda a gente vai ficar a ganhar com isso, excepto, talvez, aqueles que ocupam vários cargos em simultâneo: os senhores feudais, detentores de feudos rígidos, que deverão ter um a reforma merecida. E na aceitação do exercício misto, virá integrar-se a ideia de que podemos ser simultaneamente diferentes E iguais. E pela primeira vez, desde há dois séculos, as ideias teóricas da revolução irão aproximar-se da realidade, graças às mulheres e àqueles que as apoiaram.
(…)
Quando o nosso país (França) iluminar de novo o mundo,
podermos, com os nossos homens, ir ajudar as nossas irmãs estrangeiras, as raparigas afegãs, croatas, argelinas, ruandesas, iranianas, E também as adolescentes chinesas abandonadas, as jovens que se prostituem no mundo inteiro. Todas aquelas que, todos os dias, pagam o preço demasiado alto da barbárie machista.” *

* Isabelle Alonso
In, Todos os Homens são iguais mesmo as Mulheres

2 comentários:

Anónimo disse...

As vezes me pergunto porque as pessoas preferem um deus que vive bem longe de nos la nas nuvez "inquestionavel em sua sabedoria" quanda aqui em baixo na Terra a Grande Mãe nos oferece contato com as energias misticas,nos dando o poder de mudar nossos destinos...Porque querem uma divindade tão longe de nos que parece nunca ter um bom humor..Quando aqui na Terra a Deusa nos oferece com todo carinho a água e leite de seus seios e utero, a terra virgem forte e fresca,com varias cores de creme a marrom.Com suas ervas curativas e com suas plantas e arvores crescendo em vida,com seus animais,com toda a gloria de sua criação...Por isso não acho que a Deusa descerá sobre nos...Nos já estamos sobre Ela e aparentemente muitos não se dão conta disso.E mesmo quando ela esta lá no alto joga sua luz sobre a Terra com as forças do Sol e da Lua:

"A Rainha da Noite, flutuando pelos céus na majestade de sua incomparável luz, lançando as trevas sobre todas as coisas, estendendo seu manto prateado sobre o mundo inteiro."
Madame Blavatsky, The Secret Doctrine, Volume 1, Cosmogenesis.

Gaia Lil

Anónimo disse...

Tem toda a razão. mas não é ou foi uma questão de prefrência, mas de retrocesso histórico e cultural quando o princípio feminino foi destruido na imagem da Grande mãe e das sacerdotisas...Quando os padres usurparam o lugar delas e impuseram o culto do deus pai...Nós ainda não saímos do tempo da obscuridade e das forças que se impuseram pela violência e destruição na terra. A Deusa e a mulher são as principais vítimas do sistema que mantém o controlo e domina o mundo pelo poder da guerra e da finança...etc. etc.
A consciência do feminino que vai surgindo de dentro de cada mulher pode levar à mudança e ao equilíbrio dos polos, mas por enquanto o domínio é exclusivamente do masculino, mesmo as mulheres que estão no poder estão porque actam de acordo com o masculino....
Temos de continuar o nosso trabalho individual e então um dia quem sabe não muito longe, possamos dar graças Á DEISSE a sua presença...e benção...dentro de nós!
Um abraço grande ...eu também já tinha dado pela sua falta...
rleonor