O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, agosto 02, 2009

OS CAMINHOS INICIÁTICOS...


As Iniciações Colectivas e Individuais

Vou tentar delinear o misterioso e transcendente caminho iniciático, baseada nas experiências vividas por mim nesta existência e que foram obviamente o resultado de outras Iniciações em vidas anteriores. Há uma estrada de desenvolvimento, vagarosa, pontuada por marcos, que são as Iniciações em espiral infinita. Através das reincarnações e Iniciações sucessivas, o homem vai progredindo, até atingir o grau elevado de expansão de consciência que o torna capaz de conhecer a sua meta Divina, sinal da proximidade da libertação ou Iniciação Maior. Mas que caminhada até chegar a este estado.
Quando Thot-Hermes, no Egipto, começou a transmitir aos homens a beleza do amor e do conhecimento, disse:
«Oh povo nascido na terra, vós que vos abandonastes à embriaguês, ao sono, à ignorância de Deus, deixai de chafurdar como crápulas, pois tendes a potência de participar da imortalidade». Sendo a Criação ou Manifestação o envio dum Pensamento de Deus e tendo vindo a esta manifestação os que se identificaram com esse Pensamento, eles constituíram a humanidade e passaram a agir guiados sempre pela força desse Pensamento que os liga como uma “massa”. No caminhar vulgar da evolução, lenta e automática, a humanidade age geralmente por pensamentos colectivos provindos da mente comum, como que hipnotizada. E, quando alguém emite um pensamento suficientemente forte, pode ser seguido por milhares ou milhões de seres. São muitos os exemplos, desde as formas mais elevadas e poderosas das mensagens de líderes políticos, religiosos e filósofos, até às marcas publicitárias que se tornam famosas e dominam o mundo inteiro. Portanto, o homem tem-se habituado a viver guiado por algo ou alguém. Não tem pensamento próprio e é assim que passa pelas Iniciações Colectivas que abrangem a “massa” humana, estando durante este estágio de homogeneidade esquecido da sua origem, até ficar capaz de compreender que necessita de voltar à Consciência Espiritual, ou de religar a individualidade ao Todo. Assim, só quando a Alma está na reascensão à Divindade é que se torna independente, afasta-se desse pensamento colectivo e ruma em sentido inverso. Por isso os seres que buscam Deus por vontade própria remam contra a “maré” dos homens, provocando oposições. Por esta razão é que os grandes seres que fizeram a história humana foram sempre perseguidos e incompreendidos não só pelas suas formas de viver mas, principalmente, pelas suas ideias inovadoras e algo perturbadoras para a inteligência comum. Vêem coisas que os outros não vêem, ao ultrapassarem as aparências. São Iniciados que já passaram pelas Iniciações Menores e estão a passar ou a preparar-se para as Iniciações Maiores.

Vemos então que há duas espécies de Iniciações: a Colectiva e a Individual. A Colectiva é aquela em que a humanidade, num todo, passa por diversos graus, desenvolvendo qualidades e sofrendo transformações, mas em que o homem tem pouca consciência das metamorfoses e valores adquiridos. Sabe que goza e sofre, mas não tem a lucidez para compreender a vantagem das transformações, pois vive numa constante procura de estabilidade e felicidade terrena.
Como ponto máximo das Iniciações Colectivas temos as Iniciações Menores, altura em que começa o caminho probatório e em que se procura o auto-conhecimento para aperfeiçoamento do carácter. É neste estágio que se desenvolve mais o sentimento devocional ou religioso e, se procura um guru (1) ou mestre, pois as Iniciações Menores são necessariamente dirigidas por gurus. Guiado pelo guru, mestre ou hierofante, no caso do antigo Egipto e Grécia, o discípulo dedica-se a superar, em formas progressivas de conduta, os valores próprios da condição humana. Vai aprendendo a morrer para esta vida e a renascer com outro modo de ser.
Finalmente, temos as Iniciações Individuais ou Iniciações Maiores, que contribuem para a libertação total terrena ou iluminação. Não acontecem porque o Iniciado queira, mas porque traz capacidades espirituais desenvolvidas doutras vidas e que possibilitam a Graça Divina: Ela ocorre e tudo brota espontaneamente do seu interior, pois é um Iniciado em potência, obtendo as experiências espirituais sem esforço, livre de qualquer ambição espiritual. É num estado de Graça que se passam as Iniciações Maiores, em solidão e em ligação directa com a Divindade.

O que são então as Iniciações?____________
(1) Guru, palavra sânscrita, um pai espiritual ou preceptor, de quem um jovem recebe o mantra, iniciatório ou prece, que o instrui nos Shāstras (escrituras) e dirige as cerimónias até à investidura, que é celebrada pelo mestre ou āchārya. A apelidação honorífica de um preceptor.
M. Williams.
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São mortes simbólicas, caracterizadas por intensas transformações dos estados mentais, psicológicos e espirituais do Iniciado.Essencialmente a base é esta, sendo as diferenças nos modos de se processarem essas Iniciações, dependentes do estado evolutivo de cada ser. As Iniciações não são iguais, no sentido psíquico, psicológico ou ainda, espiritual do termo, para todos. Se analisarmos a vida de santos e santas, por exemplo, vemos que o que receberam de Cristo ou Deus como directrizes no caminho, estava apenas de acordo com os seus estados psíquicos e sentimentais, para uma forma muito pessoal de transformação, ou entendimento das coisas divinas. Todas são diferentes, embora as linhas gerais sejam coincidentes. Estão sempre em conformidade, não só com o grau de desenvolvimento espiritual, como também com as limitações mentais e conceptuais dos tempos ou épocas em que esses seres vivem, e de acordo também com a missão de cada um e, com as qualidades ou virtudes a desenvolver e as falhas a comutar. Numa terminologia oriental, diríamos que estão de acordo com o karma individual e colectivo. Assim, um ser que ainda não esteja pronto para desprender-se definitivamente da Terra, recebe interior e exteriormente ensinamentos bem diferentes daquele que já está na total Renúncia à condição humana. Mas, mesmo aqueles que estão em condições semelhantes, os seus interiores e karma podem ser tão diferentes, ao ponto de haver ensinamentos antagónicos. Cada pessoa cria um mundo em torno de si; a forma como vemos o mundo é criada por nós e, por isso, depende da nossa atitude achá-lo bom ou mau e termos os ensinamentos adequados ao estado mental criado.
AS INICIAÇÕES, de Maria - Colecção «Missão Lusa»

Publicações Maitreya: http://www.publicacoesmaitreya.pt

2 comentários:

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Rosa eu achei este texto num livro e creio que você tambem o achará muito util.Abraços

Antoine Locadour, 74 anos, historiador, I.C.P.,
França



É fácil identificar Sarah como mais uma das muitas
virgens negras que podem ser encontradas no mundo. Sara-la-
Kali, diz a tradição, vinha de uma nobre linhagem, e conhecia
os segredos do mundo. Seria, no meu entender, mais uma das
muitas manifestações do que chamam a Grande Mãe, a Deusa da
Criação.
E não me surpreende que cada vez mais pessoas se
interessem pelas tradições pagãs. Por quê? Porque o Deus Pai é
sempre associado com o rigor e a disciplina do culto. A Deusa
Mãe, pelo contrário, mostra a importância do amor acima de
todas as proibições e tabus que conhecemos.
O fenômeno não é novidade: sempre que a religião
endurece suas normas, um grupo significativo de pessoas tende
a ir em busca de mais liberdade no contato espiritual. Isso
aconteceu durante a Idade Média, quando a Igreja Católica
limitava-se a criar impostos e construir conventos cheios de
luxo; como reação, assistimos ao surgimento de um fenômeno
chamado “feitiçaria”, que, apesar de reprimido por causa de
seu caráter revolucionário, deixou raízes e tradições que
conseguiram sobreviver todos estes séculos.
Nas tradições pagãs, o culto da natureza é mais
importante que a reverência aos livros sagrados; a Deusa está
em tudo, e tudo faz parte da Deusa. O mundo é apenas uma
expressão de sua bondade. Existem muitos sistemas filosóficos
— como o taoísmo ou o budismo — que eliminam a idéia da
distinção entre o criador e a criatura. As pessoas não tentam
mais decifrar o mistério da vida, e sim fazer parte dele;
também no taoísmo e no budismo, mesmo sem a figura feminina, o
princípio central afirma que “tudo é uma coisa só”.
No culto da Grande Mãe, o que chamamos de “pecado”,
geralmente uma transgressão de códigos morais arbitrários,
deixa de existir; sexo e costumes são mais livres, porque
fazem parte da natureza, e não podem ser considerados como
frutos do mal.
O novo paganismo mostra que o homem é capaz de viver
sem uma religião instituída, e ao mesmo tempo continuar na
busca espiritual para justificar sua existência. Se Deus é
mãe, então tudo que é necessário é juntar-se e adorá-la
através de ritos que procuram satisfazer sua alma feminina —
como a dança, o fogo, a água, o ar, a terra, os cantos, a
música, as flores, a beleza.
A tendência vem crescendo de maneira gigantesca nos
últimos anos. Talvez estejamos diante de um momento muito
importante na história do mundo, quando finalmente o Espírito
se integra com a Matéria, os dois se unificam, e se
transformam. Ao mesmo tempo, estimo que haverá uma reação
muito violenta das instituições religiosas organizadas, que
começam a perder fiéis. O fundamentalismo deve crescer, e
instalar-se em todos os cantos.
Como historiador, me contento em coletar dados e
analisar esta confrontação entre a liberdade de adorar e a
obrigação de obedecer. Entre o Deus que controla o mundo e a
Deusa que é parte do mundo. Entre as pessoas que se unem em
grupos em que a celebração é feita de modo espontâneo, e
aquelas que vão se fechando em círculos onde aprendem o que
deve e o que não deve ser feito.
Gostaria de estar otimista, de achar que finalmente
o ser humano encontrou seu caminho para o mundo espiritual.
Mas os sinais não são tão positivos assim: uma nova
perseguição conservadora, como já aconteceu muitas vezes no
passado, pode sufocar novamente o culto da Mãe.
In: A Bruxa de Portobello.Pág:265

rosaleonor disse...

muito obrigada pelo texto que é muito interessante de facto!
Li o livro mas não me lembro desta parte...

abraço

rleonor