O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, abril 28, 2016

A MATRIZ ORIGINAL



Qual é o seu lugar? Reconhece-o?

"- Tenho dificuldade, não sei. É o lugar natal? É o útero da mãe? É a matriz original?
A que lugar se refere? Ao lugar em que entro numa espécie de meio amorfo de felicidade ideal e inexistente? Então, não me interessa um lugar assim. Se o lugar que procuro é realizável, apesar de utópico, então sim." - José Gil


Nos meus altos e baixos, nos meus reveses, nas minhas lutas e fúrias internas, nas minhas contradições e paradoxos, nos meus amores e nos meus desamores...nesta mistura constante e veloz alternada voluptuosamente entre a dor e o prazer, e que se misturam alquimicamente dentro de mim, acima de todas as antinomias, é que sou transportada ao mais puro êxtase, ligando-me a essa corrente de vida que me dá acesso ao mais elevado estado de Consciência.
Desdenhem-me os mornos e os mansos, os tíbios e os "bem intencionados" da moral vigente, que chegarão a algum lado permanecendo só de um lado da vida...
Ah os mancos da vida...que tanto pensam no céu, e vivem criando o inferno à sua volta...
A Terrra tem uma saída sim, quando cada mulher souber quem é, e for fiel à sua essência de Mater a Matriz, como Matriz Original.
A dualidade inerente à manifestação (Materia-Energia) que se manifesta nos polos opostos (complementares e não antagónicos) tem um meio de ser integrada... ao meio, ao centro, dentro de cada ser humano, mas cada ser humano precisa de ter consciência de si para além dessa dualidade, mal e bem, macho e fêmea, ao nívil psíquico, anímico e espiritual, o que não têm, separando e dividindo tudo.
A espiritualidade à partida, digo a religião muito particularmente, é o pretenso meio de se atingir isso...mas apontando para algures no céu e um deus e não para dentro do indivíduo e do seu potencial anímico.
E o que está em causa aqui é apontarmos para dentro e para a CONSCIÊNCIA do SER e não do ter, como o faz esta sociedade alienada...O Ser Humano pode atingir essa consciência da Consciência dentro de Si, se se elevar equilibradamente - quer dizer mantendo os pratos... da Balança (Justiça e verdade - Maat) ao mesmo nível.
Ora essa Conciência do SER EM SI, não se faz sem que a Mulher seja respeitada e elevada a sua condição de mediadora das forças cósmico/telúricas.
No entanto essa mulher realizada, no início foi através da difusão da ideia/ religião/cultura de mal associado à mulher, atingida no seu cerne e dividida ao meio, impedida assim de ser o instrumento de realização do homem também.
Todo o drama desta humanidade passa pela separação, e o mais grave pela divisão intrínseca na Mulher. Ao dividir-se a mulher em dois arquétipos, como nomeadamente a religião católica fez, a mulher cindida ("a virgem e a pecadora" - uma mulher em casa e a outra no prostíbulo) a mulher verdadeira integral deixou de existir em si, como indivíduo, para se tornar mera escrava do homem (e este, mero escravo do trabalho), das funções reprodutores e do seu prazer, e assim a mulher ainda é brutal ou sofisticadamente tratada nos nossos dias neste mundo...
Escamotear isto, é querer continuar na mais pura ignorância e alimentar o caos da nossas sociedades.

Rosa Leonor Pedro

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