O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, abril 29, 2016

NÃO TE ESCREVAS


Não te escrevas
entre os mundos ,

...
ergue-te contra
a variedade de sentidos ,

Confia no rastro das lágrimas
e aprende a viver 

  


Paul Celan , in a Morte E Uma Flor




“Embora muitas pessoas pensem que o amor as libertará da solidão, a verdade é que é a capacidade de estar só que permite a disponibilidade para o amor. Quando deixarmos de acreditar que o outro nos vai salvar, quando deixamos de esperar que ele ponha fim às nossas angústias, podem surgir novos laços.”*

Pela capacidade de estar só acede-se a uma solidão, que confirma que é possível tomar conta de nós mesmos e de regularmos o nosso amor – próprio. Cria-se então, no interior de nós, um espaço disponível para o outro, e para uma forma mais autêntica de amar, porque este passa a ser escolhido numa noção de continuidade de quem somos e do que nos convém.
Perder a noção do nosso eu, ou o escondermos na ânsia do amor a todo o custo, arriscamo-nos a uma total dependência e confusão entre nós e o outro. É a passividade no jogo da relação. E revelá-lo tarde demais, seria desastroso.


Publicada por cristina simões


INCALCULÁVEL IMPERFEIÇÃO

* Marie – France Hirigoyen As novas solidões, na era da comunicação estamos todos mais sós Caledoscópio

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