"O que eu reivindico, é o direito para a mulher, de exprimir o desejo que ela tem mais vivo em si e sem hipocrisias, eventualmente o seu desejo o mais selvagem, sexual ou maternal, sem essa espécie de rendilhados ridículos com a qual a enfeitam e a mistificam. Da mesma maneira que...reivindico o direito do homem assegurar a sua parte feminina, a sua anima." - Joelle de Gravelaine
UMA EVIDÊNCIA GRITANTE
O que eu vejo ao longo destes anos de trabalho e foco na questão que defendo como sendo a cisão da mulher, e que continua a ser na minha perspectiva a causa de todas as confusões sobre sexo e género e provoca as maiores incongruências e divisão interna na mulher, cisão que é a origem da maior parte dos problemas psíquicos, doenças e outros conflitos, e faço-o aqui repetidamente, exaustivamente durante estes anos todos e continuo a acreditar que sim, que essa cisão interna da mulher em duas espécies de mulheres é a causa principal de distúrbios a todos os níveis seja familiar, pessoal, social ou individual.
Todavia, não posso deixar de me dar conta de como tudo o que diga efectivamente respeito à mulher em si e por si só não interessa à mulher em geral...Não consegue despertar-lhe interesse genuíno. Tirando as mulheres ditas emancipadas que por um lado não querem saber do casamento mas apenas de ter parceiros temos a mulher intelectual, a feminista ou a mulher esclarecida e ainda a supostamente espiritualizada, tanto como a mulher comum, que continua a colocar o foco da sua vida não em si mesma como ser individual, mesmo sendo trabalhadora ou mulher de sucesso, médica ou engenheira, mas interessa-se apenas por tudo o que diga respeito ao homem, à sexualidade e à gravidez ou quando muito à astrologia ou à cartomancia - todas adoram saber não de si mesmas, mas em relação a tudo o que a envolve e anula como ente...elas...querem saber de amantes e filhos e partos ou de dinheiro, carreira...mas esta questão da Mulher EM SI e da sua sisão interior, por mais que esta a afecte face à sua bipolaridade, dualidade ou dicotomia constante entre ser "uma ou outra" (a boa ou a má, a santa ou a puta...a mãe ou a amante!) consoante o modelo que escolha da mulher que apresenta para fora, a máscara, ela não quer saber de nenhum assunto que diga respeito à mulher em si, sendo este na verdade um tema que não interessa senão a muito poucas mulheres...já conscientes de si.
AS MULHERES ESTÃO A REGREDIR
Estou a aperceber-me inclusive que de novo e mesmo através do dito "feminino sagrado" a mulher está a regredir ao continuar a ver-se apenas como mãe e amante e devota, já não de deus mas da deusa...e...nada mais. Pensar em si como entidade ou individuo livre e independente ainda não lhe entrou na cabeça. Ela continua a ser apenas a serva do homem e do mestre...seja de que maneira for acabam por se sujeitar ao comando do mais forte, seja pelo dinheiro seja pelo sexo ou pela legalidade. E muitas estão a reverter a espiritualidade feminina de novo para o par amoroso, para o casal e os filhos e a sociedade legal de acordo com os parâmetros socias em vigor...Estas ultimas até podem viver em supostas comunidades livres, muitas delas deixam a cidade para ir para o campo, mas levam com elas o velho modelo patriarcal pois não fazem mais do que repetir esse modelo nelas totalmente entranhado. Elas tentam ser a mulher fiel, viver para a casa e pucarinho, cortinas às bolinhas e arvores frondosas...para abraçar...põem incenso, cantam em roda, fazem os rituais de fecundação à Deusa Mãe...mas elas continuam fiéis ao marido ao Pai e ao Sistema. São incapazes de se aventurarem na experiência de serem apenas mulheres livres e sem tutela...
rlp
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