O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, abril 06, 2016

AS FILHAS DO PAI


UMA EVIDÊNCIA GRITANTE

AS Filhas do Pai

Estava a pensar em como nós mulheres somos fracas e falíveis face às verdades profundas do nosso ser e incapazes de sermos integralmente o que somos (bem sei que é difícil face a cisão interior da mulher) para tentar desgraçadamente agradar aos modelos (de pai e mãe e substitutos) que temos, traindo a nossa essência e vivendo uma vida fictícia sempre a querer agradar a gregos e troianos...Isto acontece com toda a gente em geral, mas acontece especialmente com as mulheres, fracas na dependência e vulneráveis nos afectos, prisioneiras da ordem patriarcal, das igrejas, dos maridos, filhos ou amantes...
Sinto-me profundamente triste por ver que as mulheres buscam sucedâneos e aceitam remédios (curas?) em vez de viver a sua vida no risco das escolhas interiores, por conta própria e risco, incapazes de assumir a sua verdade doa a quem doer. Elas dependem do olhar do homem e da sua aprovação, dos seus valores de supremacia, de legalidade social, o que é bem e mal...afinal fiéis do velho patriarcado...


Filhas do Pai ...mesmo que falem da Deusa Mãe...


Vejo como as mulheres se traem sempre em nome do Homem e do Filho...em nome da sociedade, em nome da moral, em nome do cão e do gato...e vejo como tantas que pretendem ser exemplo para as outras mulheres, elas também se traem quando não aceitam a sua singularidade, a sua liberdade e julgam que há pessoas detentoras de alguma verdade imutável. 

AFINAL E DE FORMA SUBTIL, não só em sociedade, mas em grupos ditos do "feminino sagrado" e outros que se intitulam espiritualistas - O MODELO DE SUCESSO PARA AS MULHERES, filhas do pai, continua a ser o modelo do Pai e é sempre o MASCULINO "SAGRADO e o TANTRA" que se tornam prioridades...
Tomam como prioridade na sua vida a integração do masculino, o lado activo e o prazer do homem, que pensam ser o seu etc. tal como as feministas fizeram, assim como consideram primordial e FACTOR DE SUCESSO VERSUS "REALIZAÇÃO" o dinheiro; por isso se fala tanto em igualdade e não se percebe o erro da mulher feminista em anular-se na sua essência (que desconhece) em detrimento de si mesma e a favor do homem que copia - seja no ideal ou no pensamento, seja no desejo de poder económico, seja do prazer sexual, sempre em função do macho. Afinal de algum modo as mulheres do dito "sagrado feminino", que supostamente estariam no processo de redescoberta do seu ser integral, acabam por continuar a seguir os mesmos modelos e padrões do Sistema patriarcal. rlp

NÃO HÁ DUVIDA QUE,

"Apesar dos sucessos alcançados pelo movimento feminista, o mito predominante na nossa cultura é que determinadas pessoas, posições e eventos específicos, têm mais valor em si do que os outros. Estas pessoas, lugares e acontecimentos são normalmente masculinos, ou estão definidos pelo homem. As regras do homem se tornaram o modelo social em relação à liderança, à autonomia e ao sucesso pessoal; em comparação, as mulheres são consideradas... como desprovidas de inteligência, aptidões e poder.
À medida que vai crescendo, a menina observa tudo isto e quer identificar-se com o prestígio, a independência, a autoridade e o dinheiro, tudo controlado por homens. Muitas mulheres que conseguiram ter sucesso são consideradas "filhas do pai", porque procuram a aprovação e o poder dominante, o modelo masculino. De alguma forma, a aprovação da mãe não é tão importante; o pai define o feminino e isso afeta a sexualidade da filha, a sua capacidade para se relacionar depois com os homens e para ter sucesso no mundo. O que uma mulher pensa que é certo e está bem, ser ambiciosa, ter poder, fazer dinheiro, ou ter uma boa relação com um homem, vem de seu relacionamento com seu pai."*

* Maureen Murdock
Ser Mulher: uma viagem heróica

Sem comentários: