O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, agosto 19, 2017

não sei que vidas vivi



«Não sei que Vidas vivi. Senti-me sempre um Palhaço. Como se uma Legião Oculta tivesse tido a ousadia de comandar todos os sectores que me pertenciam à nascença. Um dia, veio um Turbilhão, que se transformou num Holocausto e levou o que restava do Palhaço. Quebrou todos os risos, todos os sonhos, e o pior, a inocência que fazia mover esta engrenagem que me levava pela mão adentro em direcção ao mundo. Onde todos os lugares me pertenciam a bem ou a mal.

Essa podridão, quebrou todos os códigos para que pudesse cheirar o seu Fel, e como tal, viesse a feder tanto, que nenhum congénere se aproximasse desta Criatura. Levando, então, essa marca, insígnia prosaica que denunciava o castigo; essa a qual não deveria ter sido submetida, por não me pertencer.

O resto do Palhaço que me habitava, vive vomitando os vermes. Coça noite adentro, cujo abismo é feito de pesadelos. Pesadelos que viajam até ao reino interdito aos comuns dos mortais. Posto que, outorgaram-me um destino vil, ácido e contra-corrente.

Hoje em dia, chamam-me de Palhaço Negro. Pareço um pedaço de carvão. 

Talvez, a Fénix, seja condescendente e me dê a Vida, mais uma vez.»

NãoSouEuéaOutra in «Caderno Escorpiónico»

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