O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, agosto 17, 2017



Mulher Ventre do Ser

Não há outro caminho de entrada no mundo que não seja pelo corpo da mulher. ...
A mulher é o portal para o universo. Ela é também o ventre do Ser.
Cada pessoa no mundo começou a vida como um traço minúsculo nas profundezas da mãe cujo ventre é o espaço onde esse traço se expande e se abre para assumir a forma humana.
Em termos de futura identidade e destino de uma pessoa caminhando pelo mundo, este é o tempo de máxima formação e influência.
No encontro humano, nada chega a ser mais próximo do que isso; nunca dois seres poderão estar mais perto como quando um está se formando nas profundezas do outro.
Naturalmente a relação é imensamente desequilibrada: um é uma pessoa completa, o outro é minúsculo, apenas começando sua jornada rumo à identidade absorvendo vida da mãe.
Porém, na noite do corpo materno, cada um está desesperadamete aberto ao outro.
Homem nenhum chega mais perto de uma mulher.
Mulher nenhuma chega mais perto de outra mulher.
Esse intricado nutrir e desabrochar de identidade se dá debaixo da luz no subconsciente físico de seu corpo.
A mãe não vê nada. A jornada é inteiramente às escuras. É a mais longa jornada humana do invisível ao visível. De cada via interna, o labirinto de seu corpo aporta um fluxo de vida para formar e liberar esse peregrino interno.
Imagine os incríveis eventos necessários para formar o embrião; de como cada partícula de crescimento equivale à formação de um mundo oriundo de fragmentos.



Do livro Beauty, The Invisible Embrace (Beleza, O Abraço Invisível) - John O’Donohue - poeta teólogo irlandês



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