O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, agosto 19, 2017

PERDÃO...


Perdão PERDÃO perdão PERDÃO


[ Sentara-se à soleira da porta. Sentira-se tão cansada. O tempo passava como se fosse irreal. Pusera-se a tricotar um pequeno cachecol com cachos de uvas penduradas. Tricotar, permitia-lhe meditar. Entrava em ressonância com qualquer coisa desconhecida, e sempre, tão íntima. Por vezes um medo lhe invadia a mente... era o desconhecido, esse que habita à porta de nós mesmos e que está sempre espreitando os nossos olhos.
 Nesses momentos de profunda ''tricotagem'', há um voo de passagem que  chega e quase sempre  incomoda. É preciso estarmos preparados e, a maioria das vezes, nunca estamos. No reino da mente, há milhares de discursos, de invasões, ou, de vozes. Ela é como um comboio sobre linhas, contínuo é o seu movimento... diria-se que, a mente,  sofre de ''doença crónica do pensar''! Quanto mais a reprimimos, mais ela ladra... a sua natureza, é de criar cada vez mais pensamentos e gerar todas as formas de emoção!

Nesse dia, mal sentara-se e começara a tricotar... um pensamento saíra voando do fundo da Mente e logo, se agregara à emoção, criando uma vibração sentida.  Dissera para si mesma: '' e se alguém, ainda vivo, nesta terra esteja amando-a em silencio? Portanto, sofrendo por isso.''...  Não um amor de família, de amizade... e sim, um amor no sentido de relacionamento afectivo - amoroso. 

Continuara a dizer para si mesma, ''e se alguém, nesta terra à beira-mar plantada, estiver amando-me em segredo, por tantas razões e por isso, manter-se em silencio, por outras tantas razões? Oh que dor mais insuportável!!! Se existes, oh Alma, que me amas assim tanto... quero pedir-te perdão PERDÃO por me amares assim tão silenciosamente!! Só de pensar nisso, dói-me toda a carne do corpo... e um peso toma-me a alma!! Perdoa-me PERDOA-ME a carga desse amor que carregas por mim e que eu não sei.
Amar em silencio, sem ser correspondido, ou poder confessar tal amor, deve ser um sofrimento tremendo, uma solidão sem fundo... como são os sofrimentos de quem ama e deixou de ser amado!!! 


O Amor entre os Humanos, em especial os afectivos-amorosos, são um terreno fértil de desencontros e encontros e, o palco de experiências dolorosas.
 
Criatura, oh criatura, PERDOA-ME esse sofrimento que te causo na solidão de não poderes abrir a tua boca... Não gostaria de amar alguém em silencio como tu, porque não suportaria ter o coração preso sem uma resposta. Não importa quem sejas, onde estejas... PERDOA-ME o que te faço sentir!!! PERDOA-ME se sentes dor. PERDOA-ME!!!????

Uma Alma não amada, que não se sente amada, é uma alma presa... PERDOA-ME!!! POR FAVOR, PERDOA-ME. Ajuda-me a abrir também o meu coração ao perdão de saber  perdoar-te e perdoar-me e perdoar os desígnios indiscretos da vida!!

No entanto, se o Amor que sentes por mim, é INSPIRAÇÃO e VIDA... abençoada é a vida que te ilumina... porque esse Amor liberta-te e liberta-me!! 

Se alguém que também, eu tivesse deixado, e continue a amar-me com o desejo de ainda ter-me, quando já não amo e não consegue desapegar...  também peço PERDÃO... todo o PERDÃO do Universo, e vou mais longe...  PEÇO às FORÇAS  MAIORES DA VIDA, que conduzam ao seu caminho, alguém capaz de neutralizar e transformar todo o amor dessa pessoa por mim, e que a deixe fluir num novo encontro de amor... mais pleno que aquele que viveu comigo. Assim, poderá também libertar a minha própria alma e amar também mais!!!  Porque as almas, precisam de se libertar para serem novamente amadas e amarem... só assim, a Humanidade caminhará para a evolução!!! PERDOEM-ME... por favor?? POR FAVOR, PERDOEM-ME???!!!...''

Quando parara de tricotar, já o sol havia descido no céu. Os pensamentos surreais deixaram-na surpresa... mas a maior surpresa, foi constar que todo o cachecol estava escrito com as palavras PERDÃO... cada uva tinha uma palavra com PERDOA-ME. ]



NãoSouEuéaOutra in « Aquilo que desconhecemos em nós, o PERDÃO. »
03/06/13 21:58

1 comentário:

Unknown disse...

Muito intenso, veemente, dramático, um anseio por libertar e libertar-se...talvez um secreto remorso.
Um final mágico, qual resposta do universo...
Vibrante,gostei !!!