O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, janeiro 25, 2019

MULHERES QUE VIVEM DA IMAGEM



 AS MULHERES CONDENADAS À BELEZA


" Que um homem diga de uma mulher que ela não é bonita e logo cada uma de nós nos encontraremos a querer provar-lhe o contrário. Comprometendo-se nesta luta a golpes de provas irrefutáveis: fotos de mulheres de 50 anos em mini-saia, de calções, de biquíni, de topless, até mesmo nuas. Mulheres ao físico impecável que têm todas por ponto comum de fazer quase metade da sua idade. Porque, justamente, o que o sexismo tem enraizado em nossas mentes, é que a beleza só existe se for ligada à juventude. Para que uma mulher seja bonita, tem que ser jovem ou que se faça passar por jovem. Aliás, se ela disser a sua idade , isso será considerado um incumprimento grave à regra. O menor cabelo branco aparente é vivido como uma negligência. O que dizemos quando uma mulher não tem o cabelo pintado: " Ela se negligencia." o que não nos viria à mente ao ver um homem com cabelo cinzento.
A outra coisa que o sexismo nos ensinou, apesar de nós, é que as mulheres não podem ser de outra forma que não seja lindas. Este é o único roteiro deles, o seu único horizonte. Elas estão condenadas beleza, sob pena de exclusão."  - Tanea de Montainhe

"Não sou feminista, sou antropologicamente lucida"

Há sempre quem me pense anti-feminista e há quem me julgue feminista ferranha...ou radical...
Não sou porém uma coisa nem outra, por isso cito tantas vezes Ana Hatherly quando diz: "não sou feminista, sou antropologicamente lucida" ou como Natália Correia: "É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo."

Não sou feminista, embora a seu tempo e no meu tempo (anos 60) o tenha defendido, como parte de uma ideologia, mas que agora não me faz mais sentido uma vez que quase todos os pressupostos que o feminismo defendeu e a confusão que gerou não trouxeram à mulher Consciência de si como Ente, nem como Mulher. A verdade é que o feminismo não trouxe à mulher a sua verdadeira dignidade/verticalidade e hoje em dia a mulher corre mesmo o risco de em nome da emancipação social e económica que mais não foi do que sexual e apenas sexual - uma vez que salários e igualdades ou paridades não existem em nenhum lado - e agora essa liberdade sexual mais não é do que uma nova escravatura da mulher. A mulher moderna que se vê sujeita e reduzida a uma imagem, reduzida ao corpo e ao sexo e presa a todos os estereótipos que a catapultam para a ribalta - moda, cinema teatro, literatura, jornalismo - onde é exposta e a vendem como produto de consumo e mais nada. Por outro lado, as feministas, as idealistas ou as fundamentalistas, não querem ver esta realidade em que a rivalidade e divisão entre as mulheres subsiste e que todas se digladiam entre si em defesa e luta pelo macho e pelo poder que são os valores que subsistem como apanágio de uma nova literatura de cordel agora já abertamente pornográfica... 
Também as televisões e as telenovelas mais não fazem do que cultuar essa mulher de plástico, numa construção permanente de mulheres que apenas são valorizadas pelo corpo e pela imagem.
Caso recente de uma mulher que se submeteu a várias operações estéticas no Programa "Em, casa da Cristina (Ferreira"? na SIC e que se sentia horrível e feia e sem vontade de viver porque tinha uns dentes horríveis, de facto...Trata-se de uma mulher na casa aproximadamente dos 50 e que se sentia muito e dramaticamente  infeliz por ser tão feia… mas, depois de ter feito as operações revela-se agora feliz e maravilhada consigo e cheia de autoestima e vontade de viver...antes levantava-se e ia papara o emprego sem se olhar ao espelho, agora leva uma hora a maquilhar-se ... 
E este feito, tal como o Programa em si, programa as mulheres esta  imagem à imagem vendável e com picos de audiências televisivas, da apresentadora (que aparece na foto em cima) e dá-lhes a "oportunidade" de serem felizes como ela…
Daqui a meia dúzia de anos e na menopausa veremos o que essas pobres mulheres sentirão ou talvez continuem a fazer plásticas para manter a imagem o resto da sua vida…até ao caricato. 
Acrescento que nada tenho contra a figura televisiva, apenas serve de exemplo de como uma imagem-estereótipo vende.

rlp



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