E SEM MUSA NÃO HÁ POETAS…
"Assim que as formas poéticas começam a ser utilizadas por homossexuais e que o “amor platónico” (o idealismo homossexual) se introduz nos costumes, a deusa vinga-se. Sócrates, se bem nos lembramos, teria banido os poetas da sua lúgubre república. A alternativa consistindo a passar sem o amor da mulher é o ascetismo monástico; os resultados que daí advieram foram mais trágicos do que cómicos. No entanto a mulher não é poeta: ela é a Musa ou nada. Isto não quer dizer que uma mulher deveria abster-se de escrever poemas, e sim apenas que ela deveria escrever como mulher, e não como se fosse um homem.
O poeta era originalmente o Místico ou o Fiel em êxtase da Musa, as mulheres que participavam nos seus rituais eram suas representantes. (...) "
Como é que a devíamos então adorar?
(…)
A prática da verdadeira poesia reclama um espírito miraculosamente desperto e capaz de, por iluminação, juntar as palavras, através de uma cadeia mais-que-coincidência, numa entidade viva, um poema que vai viver por si mesmo, talvez por séculos depois da morte do seu autor, cativando os seus leitores pela carga de magia que ele contem. Porque em poesia a fonte do poder criativo não é a inteligência científica mas a inspiração (mesmo que esta possa ser explicada pelos cientistas) não é através da Musa lunar, o termo mais antigo e o mais adequado para designar esta fonte de inspiração na Europa, à qual a devamos atribuir? Pela tradição a mais venerável, a Deusa Branca tornou-se uma com a sua representante humana, sacerdotisa, profetisa, ou rainha–mãe.
Nenhum poeta que elege a Musa pode experimentar conscientemente a existência sem ser pelas suas experiências do feminino porque é na mulher que reside a deusa seja em que grau for; exactamente como nenhum poeta apolíneo não pode exercer a sua função própria se ele não se submeter a uma monarquia ou a uma quase monarquia. Um poeta que elege a musa abandona-se absolutamente ao amor e o seu amor na vida real é para ele a encarnação da Musa.
(…)
(pag.569 -Traduzido do francês por rlp)
ROBERT GRAVESLES MYTES CELTES - LA DÉESSE BLANCHE
IN Ed. du Rocher
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