O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, janeiro 22, 2019

ESSA É A MULHER



"Moi, c'est mon corps qui pense. Il est plus intelligent que mon cerveau. Il ressent plus finement, plus complètement que mon cerveau. [...] Toute ma peau a une âme." *


O SENTIR MULHER

Estava a pensar como as mulheres intelectuais e feministas das ultimas décadas se afastaram deste sentir o corpo e dar ao corpo uma alma que é o maior dom da mulher e que a define como tal. Esse afastamento da mulher essencial custou-nos alguns ganhos materiais, direitos e igualdade com o homem, infelizmente digo, porque perdemos o sabor da nossa essência, perdemos o contacto com a nossa natureza intima e profunda e delapidamos o nosso sentir em prol dos pensar dos homens e da "conquista" de direitos…como foi o caso de Simone de Beauvoir, cujo pensamento se articulava em sintonia com o Homem e filosofo Sartre... Uma existencialista nunca é uma naturalista...e uma mulher pertence a Natureza não ao pensamento nem ao homem. 
Não posso negar que por um lado foram  importantes essas conquistas, mas depois não soubemos recuperar e resgatar a nossa mulher instintiva e continuamos a delapidar esse nosso P(m)atrimónio feminino em nome de uma falsa liberdade, a de sermos iguais aos homens, e a corresponder a imagem que eles criaram da mulher a todos os níveis, não só físico como sexual e também mental. E foi esse tremendo erro que nos afastou de um  saber intrínseco, da emoção e da intuição que esta mulher desvelou de si como mulher natural e autêntica, sendo ela uma mulher ainda não contaminada pelas ideias materialistas e marxistas e intelectuais quando surge, e  subverteram logo a seguir as mulheres feministas que induziram as outras mulheres  a lutar por uma mulher que não é senão uma má cópia da mulher autentica, a mulher original. 
Penso hoje como as mulheres se perderam de si e de uma referência salutar e genuina de que esta escritora é exemplo porque a burguesia e os conservadores a consideraram pouco intelectual e pouco digna, por ser artista e dançar e ter  dado asas a sua loucura na expressão de uma liberdade de dentro e não aquilo que a sociedade patriarcal define como liberdade...Hoje a mulher livre não tem nada de natural nem de belo nem de instintivo, libertário ou revolucionário. Ela foi uma pioneira quase apagada da história...
Realmente este filme Colette fez-me pensar a autora pouco considerada pela elite intelectual como uma Voz verdadeira do Feminino Sagrado - o feminino da Mulher ligada a Natureza aos animais e à Terra, sem medo de ser quem era. Ela ousou Ser Mulher e as suas palavras iniciais dizem tudo porque definem a verdadeira mulher… uma Lilith no fundo…
"Eu, sou o meu corpo que pensa. Ele é mais inteligente que o meu cérebro. Ele sente de forma mais refinada, mais completamente do que o meu cérebro. (…) Todo  meu corpo tem uma alma." *
rlp


*La retraite sentimentale, Sidonie- Gabrielle Colette

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