O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, fevereiro 09, 2020

NOS QUEREMOS LIVRES E VIVAS...



POR OUTRAS PALAVRAS...


"As mulheres estão exactamente na mesma situação, com a agravante de sermos a maioria nas universidades há vários anos, e com melhores resultados académicos, mas continuarmos sub-representadas nas estruturas de poder político e financeiro.
Somos também a esmagadora maioria das vítimas de crimes sexuais, de violência doméstica, de homicídio conjugal - feminicídio - e de discriminação sexual.

Perante estas estatísticas, é inegável que as mulheres continuam a ser uma classe oprimida e vitimizada. Mas, por alguma razão, o sexismo continua a ser pacificamente tolerado e socialmente muito melhor aceite que o racismo."  HELEN TENDER


VEJO, PORQUE SOU VELHA

Vem este texto a seguir a propósito de uma observação à actuação de Shakira e Jennifer Lopes e de como o seu magnifico Show todo ele baseado na sua excelente forma física, nada tem a ver com o Empoderar a Mulher, ou dar valor à Mulher. Não se discute o valor de duas mulheres lindíssimas e com corpos esculturais e as suas qualidades musicais. Nada disso. No caso de artistas e de cantoras e a suas performances em palcos, para seduzir o publico, eu até acho normal, mas gostaria de escrever justamente sobre como vejo com constrangimento mulheres jovens, bonitas ou elegantes e as vezes até menos bonitas - independentemente de serem psicólogas, escritoras, medicas ou avogadas -, continuarem a valorizarem-se pelos corpos exibindo-os em  poses sofisticadas, mostrando o corpo como se estivessem em desfiles de moda… ou exibindo-se em exercícios flexíveis em ginásios com fatos aderentes ao corpo salientando partes do corpo mais intimas, provocatoriamente...digo, para que se vejam...
Imaginamos para já o que seria se os homens sérios, jornalistas, advogados, médicos e psicólogos - a não ser que sejam gays - fotografarem-se de shorts ou de tronco nu, a mostrar as pernas musculadas  etc, para se valorizarem...e como cairiam no ridículo. É claro que tudo isto  acontece com a publicidade comercial que faz  apelo ao corpo e ao sexo da mulher que é perfeitamente vitima deste   abuso da sua  imagem para em todo o tipo de publicidade vender cosméticos, roupa e até cerveja.
Até ai já sabemos o que a casa gasta, mas  serem as próprias mulheres, essas mulheres jovens e bonitas mas que tem já supostamente um nível cultural ou intelectual mais elevado - muitas são formadas - é o que mais me espanta pois da mulher comum que se expõe na montra e exibe na rua para agradar aos homens e arranjar namorado… isso a mim já não me admira nada. Não tem outro modo de se valorizar que não seja pelo corpo...e já nem falo das prostitutas claro.
É possível que me achem conservadora ou reacionária por dizer isto, mas como sou mais velha não tenho esse receio de estar a criticar as mulheres jovens que fazem culto do seu corpo... podem até pensar que é porque já nada tenho para exibir e por isso as critico, e isso não acontece no caso das duas vedetas da musica, que se exibem naturalmente num espectaculo, mas a verdade não sendo o caso dessas mulheres famosas, mas o de mulheres supostamente cultas que fazem o mesmo porque dizem que são livres e emancipadas... então eu ai digo que isso não é verdade. Porque ser LIVRE tem pouco a ver com o exibir o corpo e mostrar-se na intimidade como forma de valorização ou de afirmação do SER MULHER. E não é por ser "séria", do lar ou bem comportada… nem por ser vadia ou cabra ou provocadora! É só porque a verdadeira Mulher é outra coisa… acaso essas mulheres sabem o que é ser Mulher?
Não. E não me venham dizer as mulheres que a roupa e a forma como se vestem ou despem em publico  não tem nada a ver com o abuso e a violação… infelizmente tem…não pelo facto em si, até poderia ser um direito da mulher, mas  porque não podemos ignorar nem fingir que o predador não existe e que a sexualidade é uma forma primária de agir do homem e a mulher expondo-se dessa maneira acaba por ser atingida na sua dignidade integridade fisica.
Sim, porque não queremos ver que a sexualidade não evoluiu nem o homem respeita a mulher nessa liberdade? Como podem as mulheres pensar que são iguais aos homens e podem fazer as mesmas coisas sem perceber o quão diferentes são -sexual, psicóloga  e emocionalmente - e como a sociedade patriarcal de domínio do homem sobre a mulher continua a subestimar e a não respeitar a mulher em si como ente, ou como igual, lá porque as feministas apregoaram uma liberdade que nunca existiu e não pensaram nos perigos continuados que as mulheres correm nomeadamente em casa com os maridos?
Então qual é  forma segura de ser livre? É ser consciente dos perigos e dos limites que é viver numa sociedade falocrática e num sistema predatório… porque garantir a integridade física e  ética e preservar a nossa dignidade que é muito mais importante do que a moda as selfies e de que andar ai a provocar o predador…
Sim, sou velha e vejo sem medo as mentiras que andam por ai à solta e são a armadilha em que as mulheres novas caem até ficarem talvez perdidas...

rlp

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