O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, setembro 11, 2020

A ALIENAÇÃO HUMANA



UMA REALIDADE QUE ESCAMOTEAMOS…
Homens e mulheres são diferentes...

SIM, …" hoje vive-se uma realidade fast-food, tudo é superfície, aparências, funcionalidades rápidas e que satisfaçam as necessidades urgentes.
Este fim-de-semana, um amigo disse-me que frequenta um círculo masculino, ou do dito sagrado masculino, julgo eu. Diz-me que se ajudam e aconselham. E eu pergunto-lhe se é um encontro para aconselhamento! Diz-me que falam das relações que cada um vive, e aconselham-se caso alguém necessite de uma orientação, de um saber como agir, estar. Já não falo de ser, porque isso coloco num patamar mais elevado, que julgo que a conversa não chega aí. Pergunto-lhe se não há temas mais profundos a abordar? Diz-me que sim. Não lhe perguntei quais. Disse-me que nesse dia, quando entrava num espaço com uma amiga, entrou primeiro abrindo-lhe a porta. E que ela se retraíra, fazendo uma expressão que indicava não ser necessário, sabia bem abrir a porta. Ele diz-me que realmente não é necessário, as mulheres são iguais aos homens, isso é uma atitude do velho patriarcado, que vê a mulher como ser frágil. Digo-lhe que as mulheres não são iguais aos homens, e que esse acto eu entendo somente como um gesto de cortesia. Nada mais. Enfim, mas hoje discute-se e foca-se sobre estes simples gestos como sendo reflexo da igualdade ou não entre géneros. Que superficialidade e engano!

E a superficialidade tende ao equívoco, ao erro, a uma imagem pequena sobre nós mesmos e à forma como compreendemos o mundo, as relações, o outro. Não me espanta o que descreve sobre essas histórias e temas no sagrado feminino, com o homem feminino e consciente elevado a príncipe encantado da Nova Era.

Tenho a mulher como mais inteligente e sagaz que o homem, mas quando se trata de relações românticos, as mulheres perdem o seu discernimento, acreditam no que querem acreditar não naquilo que a realidade lhes diz.

Falar de forma profunda e íntegra sobre o sagrado feminino é exigir um conhecimento que a maioria das mulheres que organizam esses encontros não tem e que a maioria do seu público não exige, porque as mulheres querem soluções para a vida prática: arranjar um homem, sentirem-se realizadas nessa relação, terem uma família feliz.... Mas isto é vivência mundana, quotidiana... compreensivelmente desejada, mas que não contém em si mesmo, por natureza e em potência, uma força que nos move para dentro, que nos coloque em comunhão com a nossa essência, que nos eleve a uma consciência integrada e sábia.

Eu tenho os homens em péssima conta. Mas há homens decentes. Por diversas vezes, já disse o que acho das relações hoje em dia - conveniências, necessidades, comodidades, conformismos. Mas o que é verdade é que todos aspiram a ter alguém, preferindo mesmo uma relação medíocre a estarem sozinhos. Numa relação medíocre (a esmagadora maioria) esse desejo espelha-nos. Espelha a inconsciência, o desamor, a fragilidade, a insegurança, o medo...

Hoje vive-se sempre em função de alguma coisa, de algum objectivo, sempre externo a nós. Porque isso a que reflecte, mensura, o nível de felicidade. Pura ilusão! As pessoas só entendem e admitem a felicidade na medida em que a vêem manifesta. Mesmo sabendo, num processo intelectual, que a felicidade (enfim, para designar contentamento) é um estado de Ser.

E portanto hoje o sagrado feminino, apresentado como outro serviço, tem que responder a necessidades práticas, apresentando o seu conteúdo numa forma atractiva, esperançosa e bela... com uma visão quase celestial de felicidade. Tudo um vazio supérfluo, enganoso, em que as pessoas se deixam ir na enxurrada, porque também está na moda. E hoje não se pode falar da sombra que cada um tem, não!... Porque todos são só luz e amor. Pois sim!"

Sara Correia

Sem comentários: