A CISÃO DA MULHER - UMA DIVISÃO VIVIDA AO LONGO DE UMA VIDA...QUE A IMPEDE DE ACEDER AS SUAS MEMÓRIAS.
Na minha escrita eu procuro apenas trazer à mulher uma consciência de si que ela não tem e que se perdeu nos confins do tempo através dessa saga milenar de luta do homem contra a natureza e a mulher pelo medo de ser submerso pelas forças instintivas da Natureza. Trata-se de resgatar a consciência do seu ser em profundidade, a parte que a sociedade patriarcal de facto conseguiu suprimir ao alienar essa mulher primordial, tornando-a um ser metade de si mesma. Este aspecto que eu foco da divisão da mulher nada tem a ver com a dualidade na manifestação, nem com a dualidade do ser humano, mas com a cisão da mulher dentro de si mesma. Isso acontece porque a mulher na sociedade ocidental, pela força e influência dos arquétipos ainda em vigor, tendo a Virgem de um lado e a Pecadora do outro, ela própria está dividida em dois estereótipos ou mais que a dilacera e a impedem de ser ela mesma e o pior é que nem ela mesma tem consciência disso e é por essa razão que assistimos a tamanhas discrepâncias na sociedade de hoje em relação ao ser mulher e a própria mulher aceita submissamente toda essa divisão; ELA não compreende o seu conflito, julgando que ela é sempre a senhora, a santa e a boa e a outra é que é a prostituta e a culpada, a má da fita.
As mulheres esqueceram que elas eram aquela que sabe, "a guardiã da alma. Sem ela perdemos a nossa forma. Sem uma linha directa com ela, diz-se que os seres humanos ficam desalmados o que a sua alma está perdida. Ela dá forma à casa da alma e constrói mais com as suas próprias mãos. (...) Ela é a criadora de almas, de lobos, a guardiã do lado selvagem…"*
Tudo o que pretendo é que a mulher perceba a sua divisão interna que a impede de aceder a essa Mulher que sabe desse poder intrínseco lá no fundo das suas entranhas e que esqueceu a sua voz do utero. É preciso que a mulher acorde e que tudo faça para integrar essas duas mulheres divididas que consiste em não separar o seu lado maternal do seu lado sensual. A mulher civilizada e a mulher selvagem. Por isso temos de olhar e ver o que está por detrás dessa história, algo muito mais atávico e remoto e que se baseia no medo da Mulher da morte e na incógnita da vida e do mistério da Natureza que o homem não conhece e a qual a mulher está indissociavelmente ligada…
Porque só Ela tem o poder de dar vida… e o homem escolhe o poder da morte...nem todos é certo, mas esta é a História do Homem.
rlp
*mulheres que correm com lobos - clariça pinkola estees
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