O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 14, 2020

A MULHER A CRIADORA DAS ALMAS...



A CISÃO DA MULHER - UMA DIVISÃO VIVIDA AO LONGO DE UMA VIDA...QUE A IMPEDE DE ACEDER AS SUAS MEMÓRIAS.

Na minha escrita eu procuro apenas trazer à mulher uma consciência de si que ela não tem e que se perdeu nos confins do tempo através dessa saga milenar de luta do homem contra a natureza e a mulher pelo medo de ser submerso pelas forças instintivas da Natureza. Trata-se de resgatar a consciência do seu ser em profundidade, a parte que a sociedade patriarcal de facto conseguiu suprimir ao alienar essa mulher primordial, tornando-a um ser metade de si mesma. Este aspecto que eu foco da divisão da mulher  nada tem a ver com a dualidade na manifestação, nem com a dualidade do ser humano, mas com a cisão da mulher dentro de si mesma. Isso acontece porque a mulher na sociedade ocidental, pela força e influência dos arquétipos ainda em vigor, tendo a Virgem de um lado e a Pecadora do outro, ela própria está dividida em dois estereótipos ou mais que a dilacera e a impedem de ser ela mesma e o pior é que nem ela mesma tem consciência disso e é por essa razão que assistimos a tamanhas discrepâncias na sociedade de hoje em relação ao ser mulher e a própria mulher aceita submissamente toda essa divisão; ELA não compreende o seu conflito, julgando que ela é sempre a senhora, a santa e a boa e a outra é que é a prostituta e a culpada, a má da fita.
 
As mulheres esqueceram que elas eram  aquela que sabe, "a guardiã da alma. Sem ela perdemos a nossa forma. Sem uma linha directa com ela, diz-se que os seres humanos ficam desalmados o que a sua alma está perdida. Ela dá forma à casa da alma e constrói mais com as suas próprias mãos. (...) Ela é a criadora de almas, de lobos, a guardiã do lado selvagem…"*

 Tudo o que pretendo é que a mulher perceba a sua divisão interna que a impede de aceder a essa Mulher que sabe desse poder intrínseco lá no fundo das suas entranhas e que esqueceu a sua voz do utero. É preciso que a mulher acorde  e que tudo faça para integrar essas duas mulheres divididas que consiste em não separar o seu lado maternal do seu lado sensual. A mulher civilizada e a mulher selvagem. Por isso temos de olhar e ver o que está por detrás dessa história, algo muito mais atávico e remoto e que se baseia no medo da Mulher da morte e na incógnita da vida e do mistério da Natureza que o homem não conhece e a qual a mulher está indissociavelmente ligada…

Porque só Ela tem o poder de dar vida… e o homem escolhe o poder da morte...nem todos é certo, mas esta é a História do Homem.

rlp

 
 
*mulheres que correm com lobos - clariça pinkola estees



 

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