DUAS LEITURAS CRUCIAIS...
Do Simbólico ao Real...
" O verdadeiro pecado original, / ingénito / nos homens é nascer de mulher. O único vício humano é amar a própria mãe.
Felizes os que nunca a conheceram. Grande o que a mate. Impossível, de enorme, o que a esfolasse. " - Fernando Pessoa
Ha aqui muita dor e revolta do homem abandonado pela mãe que o troca por outro homem (o marido) que não o pai - o padrasto - e que o deixou muitas vezes só...e abandonado. Sem dúvida que, como todos os homens viciados no amor da Mãe-Origem se sintam traídos e abandonados pela Mãe providência que os ligaria para sempre a origem - sem separação das águas - e que os descartou delas e do seu utero...
Mas é preciso ser muito grande para escrever isto e para entender isto...só um grande poeta o sabe...o homem é de nascença possuído e para sempre pela mãe...é o contido, para sempre foi modelado por ela, e ele não consegue entregar-se na mesma proporção como amante (voltar ao utero), iniciado pela mulher e então sem entender o grande Mistério, sofre este horror de amor/ódio pela mãe física, todo ele impregnado no conceito católico pelo medo do incesto/desejo e por isso anseia e sonha matar a Mãe nele como fonte de pecado...tal como o homem comum mata a mulher amante por a negar na Mãe/Mulher; Assim o homem mata não somente a Mãe como matou social e psicologicamente a mulher integral a mulher inicada por natureza, a única que lhe poderia dar a sua verdadeira dimensão de Homem que ele perdeu ao rebaixar a mulher a simples objecto de procriação versus prazer e ódio. Mas é, reconheçamos, preciso ser grande para colocar esta frase...ter este crucial dom de consciência...e maturidade, que falta aos homens e às mulheres em geral!
rlp
- "Em sintonia com o que escreveu a Rosa Leonor. É necessário maturidade e estar no processo de crescimento interno para matar a mãe, como refere Pessoa. Algo semelhante também se encontra no livro de Clarissa - Mulheres que correm com lobos. É preciso cortar em nós esse nó de ligação que nos faz amar e ser dependentes, ... é um laço precioso na infância mas limitador no conhecimento que é necessário termos de e em nós, é preciso cortar e libertar para podermos conhecer quem somos na mossa plenitude ...
Porém...o sentimento do texto pode em determinada altura ser revertido, revelando um certo despudor pela mulher, como se fosse uma baixeza nascer duma mulher, ... no fundo uma lacuna pervertida, como se esses nascimento fosse um desdobrar da mulher na sua condição masculina mas em forma submissa e inferior pela sua incapacidade de não criar enquanto homem.
Que enorme este grito de dor e dualidade ... "
(...) S. S.
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