SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS POR TUDO
"Esta trama, este continuum, esta malha sem fim de causas-efeitos-causas, eis o que o nosso instinto de conservação rejeita com um certo mau-humor, porque nos recusamos fundamentalmente a considerar responsáveis por tudo o que acontece, porque tendemos a ilibar-nos da violência, do ódio, do sofrimento que varre, como um vendaval de inferno, o mundo.
A política, neste contexto, é a arte de encontrar bodes expiatórios das nossas próprias culpas.
A tal ponto os nossos mecanismos de autodefesa estão bem montados, que rotulamos de metafísica qualquer tentativa para mostrar a evidência: que tudo se liga a tudo, que tudo depende de tudo, que todos somos responsáveis de tudo, que todos criamos tudo o que nos acontece.
Tudo é energia. Tudo é infinito e eterno. Tudo existe sempre.
Por isso criamos uma infinita piedade pelo nosso ego. Inventamos mil argumentos para o desculpar.
Afinal - que injustiça! - porque nos atinge a inflação, o desemprego, a doença, o cancro, o defeito físico, o desastre, o acaso, o destino, a sorte?! Se eu fui sempre tão bom, tão bem comportado, tão esmoler, tão amigo das crianças e dos pobres, dos velhos e dos animais, porque sofro tanto, porque tenho tanto medo, porque sou tão perseguido?
Assim raciocina o nosso ego.
O nosso ego é não só a afirmação de auto-orgulho mas uma tentativa permanente para ilibar e encobrir a nossa condição totalitariamente condicionada. Para encobrir a evidência de que estamos condenados à Eternidade.
A nossa condição é totalitária e a este totalitarismo há quem chame karma. O nosso ego inventa então um mito chamado liberdade para esquecer aquela temível evidência totalitária. Um mito chamado livre arbítrio."
"NASCER PARA A VIDA É NASCER PARA A MORTE"
afonso cautela
afonso cautela
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