O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, abril 12, 2016

QUE MULHER SOMOS?


A MULHER SEXO...
A MULHER DIVIDIDA
Tenho pensado nas varias definições e designações que se vão alterado com as épocas e a cultura e a moda e que se querem dar à mulher,  sempre no sentido de limitá-la a uma dimensão tão pequena como a de cariz meramente sexual...
Esta divisão inicial da mulher a partir do domínio patriarcal e bárbaro no mundo e a sua história de guerras e impérios em que ela se tornou escrava e  mais tarde dividida em esposa e concubina, mulher-esposa ou  amante-prostituta, até chegarmos a modernidade e termos a mulher trabalhadoras e as feministas que lhes deram expressão  na  luta pela igualdade de direitos e que dura há algumas décadas, temos  então hoje a dita mulher emancipada, liberta de preconceitos e tabus...
O que mudou porém nesse sentido de liberdade efectiva foi muito pouca coisa, acrescentando apenas a versão moderníssima da mulher lésbica como alternativa à esposa e amante - aparece então de forma publica e assumida a mulher que não gosta ou não precisa de homens e se define orgulhosamente como lésbica por "gostar" de mulheres...sexualmente.
Mais uma vez recorre-se à definição sexual para definir a mulher...e portanto temos agora 3 tipos de mulheres. Mulheres esposas, prostitutas  ou mulheres de alterne (ou acompanhantes) e as lésbicas. Todas elas são apenas mulheres em função da sua preferência e expressão sexual. Podemos ter ainda em conta a mulher capaz de tudo...livre e emancipada, que não casa nem quer ter  filhos, trabalha e gosta muito de homens e faz como eles fazem: usam-nos e descartam-nos de responsabilidades graças à pilula ou ao preservativo...isto é, são as novas mulheres muito desembaraçadas e decididas que ganham bem e saem cedo e fodem que se farta. Desculpem o termo, mas é importante que se diga quer pela violência que a palavra contem em si quer pelo que o seu  significado acarreta e que são as próprias mulheres a defender esse mesmo vocábulo em letras grandes. Muito bem, a partir daqui teríamos então 4 tipos de mulheres...as casadas, as prostitutas,  as livres e solteiras e as lésbicas...

Algumas até escrevem...

"Seja qual for o enquadramento, o tipo de parelha, a líbido e vontade de cada um, o que importa é não esquecer que o sexo salva. Salva-nos de tensões, de irritações e de neurastenias várias. Indignemo-nos menos, fodamos mais. Chateemo-nos menos, fodamos mais. A foda tem esta capacidade extraordinária de nos colocar em sintonia com o mundo, mais próximos de quem estamos próximos e mais longe de quem não queremos na cercania. Antes de sermos engolidos pela espuma dos dias, fodamos. Ou façamos amor. Ou como melhor nos aprouver. Mas fodamos."*

Indo ao dicionário da Língua Latina procurei a etimologia da palavra portuguesa e encontrei:


FODIO, FODIS, FODERE, FODI, FOSSUM - TEMPOS PRIMITIVOS DO VERBO TRANSITIVO QUE ESTÁ NA RAIZ ETIMOLÓGICA DA PALAVRA “FODAMOS” E CUJO SIGNIFICADO É:

"CAVAR, FURAR, ATORMENTAR, DILACERAR".

A MULHER INTEIRA

Para que não nos restem duvidas nem pensem que eu exagero...voltemos ao assunto de a mulher se definir apenas em termos da sua apetência sexual e somente pela sua preferência genital, modelo de coito? Será que a mulher se sente feliz como objecto sexual que visa tão só o prazer do homem ou o seu ou dando-lhe filhos agora já não como "esposa"  menos ainda  fiel...mas  como barriga de aluguer...no caso dos gays, especialmente, mas também dos jogadores de futebol ...gays...enfim seja qual for "a parelha"?

Será que isto nos dignifica, dá vida e vitalidade como diz a pequena, que nos dá poder, nos dá, sei lá, identidade? Será que as mulheres estão felizes com estas designação tout court...e se se assumem com tanta pompa e circunstância e em publico ora como acompanhantes, ora prostitutas ou lésbicas? E depois há as senhora lésbicas e as sapatonas e as camionistas e as fufas e as bi...sei lá que mais...é isto que se chama a mulher emancipada?
Será que a Mulher NÃO SE ENXERGA mesmo? Não percebe dessa divisão interna e do ridículo que é e triste e poucochinho ser um corpo de desejo ou corpo de prazer apenas?
Porque não pensa a mulher em Ser  só MULHER-MULHER? Sim, Mulher plena em si mesma, consciente do seu ser na plenitude das suas capacidade e dons e redescobrir-se e ser inteira e tudo o que é na união de todas as partes, corpo e alma e espirito e sexo e coração sem mais necessidade de se dividir em 3 ou 4 partes, sem nomes que a designem, sem esta ignominia de ser partes de si mesma e sexo e só e apenas um sexo? Não é a mulher muito mais do que isso? Será que não é tempo de a mulher deixar de se atormentar dilacerar, violentar, de se deixar "furar, cavar"...? 
Será ó meu deus que a Mulher não tem outra dimensão de  si mesma? Não se sabe escolher a si mesma, ser inteira e um todo?
Eu não prego o celibato nem a solidão nem a renuncia a qualquer tipo de sexualidade-prazer, nem  ao "amor"... Eu tão pouco quero dizer que a mulher não possa ser mãe e amante ou esposa - só que o seja  sem depender de nomenclaturas definições ou catalogações...nem de ninguém para ser feliz ou completa. É aqui, eu sei, que as mulheres não me entendem e confundem as coisas. Não entendem que uma mulher possa viver  focada no seu ser, no seu centro nuclear - e fazer um  trabalho de resgate de uma nova consciência como Mulher - Mulher e ter-se como prioridade a si mesma, resgatando a essência dessa Mulher livre e total que perdeu há milénios...

rosa Leonor pedro
*in mulher capaz por silvia baptista

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