"Interessam-nos as representações com que se diz a identidade feminina, isto é as representações com que a mulher fala de si própria. Ao falar a mulher de si, ao "contar-se", a mulher constrói, produz uma outra mulher: uma mulher representada com características iguais que a fazem igual às outras mulheres e a opõem aos homens..."
"Levou mais de cinquenta anos a construir-se mulher e a construir o seu destino como pessoa independente, senhora da sua profissão, das suas ideias e dos seus sentimentos, uma cidadã. É assim a vida em ditadura.
O atraso que os países conhecem no seu desenvolvimento vai a par da duração, por que uma só vida demora a fazer-se. Maria Lamas continuará sempre em processo de reflexão e de auto-reflexão"
in MARIA LAMAS - Biografia de Maria António Fiadeiro
NOTA PESSOAL:
Não é assim só na Ditadura, esta ou aquela, mas sempre assim foi a ditadura para as mulheres em qualquer democracia ou socialismo. A mulher nunca viveu numa sociedade equalitárias desde que o Culto da Deusa-Mãe foi abolido pelos invasores bárbaros e depois substituído, pelos cristãos, pelo culto do Deus-Pai, sujeita desde sempre à desigualdade e à ignorância, à exploração e abuso sexual.
E ainda nos nossos dias, ontem e hoje, é essa "inferioridade" das mulheres que permite a força aparente dos homens, dos mais ignorantes aos ditos mais civilizados que lhe roubam a voz e a autoridade, mesmo sobre o seu ventre e capacidade de decisão...
Sim, ontem mesmo na televisão, na Assembleia, na rua, em casa...à tardinha...
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