O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 22, 2004

As deusas ligadas à fertilidade
eram invocadas para serem honradas.

Surgiam os símbolos da Criação e esperava-se que aqueles que tinham o poder de ouvir e falar com as excelsas forças, augurassem épocas férteis.
Porque os dias iriam passar a ser mais luminosos, maiores e amenos. Com eles a Natureza germinaria, seria muito mais generosa que nos dias do Inverno ido. As plantas despontariam, as flores, os rebentos. Os aguaceiros alimentariam a terra, os bosques, os prados; as matas encher-se-iam de animais e suas crias.
Este poder gerador, lactente em todos os seres, sobressairia nos homens em excitação e alegria. A renovação é tomada como uma prática e após despertada, faria esquecer a fome e a morte dos mais idosos, levados pelo frio impiedoso da estação passada. Estavam então prontos para aceitar riscos, novas caçadas, novos lugares de fixação.
Nesses dias, honravam-se as árvores antigas, aquelas que possuíam a sabedoria dos Deuses da Natureza e da Terra-mãe.
Nos dias que correm, da memória que ficou do tempo atravessado, uma data marca o início de uma estação do ano, cada vez menos indentificável, mais propícia para a promoção e venda de novas colecções de moda.
Ficou um dia que pretende apelar ao respeito pela floresta, tão maltratada, esventrada, destruida, o Dia Mundial da Árvore, recordação de antigas honras pagãs.
Em pleno equilíbrio com esta herança também se festeja hoje o Dia Mundial da Poesia, provavelmente a única que consegue revitalizar-se de acordo com a estação, levando à prática a mensagem de fonte regeneradora e criativa.


EXCERTO DO BLOGUE
COBRACUSPIDEIRA

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