O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, março 10, 2004

A VISÃO FEMININA E MASCULINA DA CRUZ
E o que os Homens fizeram com ela...


A CRUZ (morte) – ANKE (vida e felicidade)


(...) “APÓS imposição do poder autocrático, o significado dos nossos símbolos mais importantes sofreu com freqüência desvios radicais através do impacto do ressurgimento gilânico ou da regressão andocrática.

Um exemplo gritante é a cruz. O significado das cruzes gravadas em estatuetas pré-históricas da Deusa e outros objectos religiosos parece ter sido a sua identificação com o nascimento e crescimento da vida vegetal, animal e humana. Foi este significado que sobreviveu nos hieróglifos egípcios, onde a cruz – anke - representa vida e viver, formando parte de palavras como saúde e felicidade. Mais tarde, quando empalar pessoas em estacas se tornou um modo comum de execução (como mostra a arte andocrática – LADO MASCULINO - dos assírios, romanos e outros), a cruz tornou-se símbolo da morte. Mais tarde ainda, os seguidores mais gilânicos – LADO FEMININO - de Jesus tentaram de novo transformar num símbolo de renascimento a cruz na qual este foi executado – um símbolo associado com um movimento social que se empenhou na pregação e prática da igualdade humana, e de conceitos tão “femininos” como a delicadeza, a compaixão e a paz.”

(...)

Mulheres e homens em todo o mundo estão, pela primeira vez em grande número, a desafiar frontalmente o modelo de relacionamento humano macho-dominador/fêmea-dominada que é o alicerce da mundivisão dominadora. Ao mesmo tempo que a idéia da “guerra dos sexos” está a ser denunciada como uma consequência deste modelo, está igualmente a ser posto em causa o seu resultado adicional de ver “o outro” como “inimigo”. Mais significativamente, existe uma noção crescente de que a consciência superior da nossa “parceria” global emergente se encontra integralmente relacionada com o reexame e transformação fundamentais, das funções sociais tanto das mulheres como dos homens."


In O CÁLICE E A ESPADA
De Riane Eisler

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