A IDADE DO OURO
“QUANTO AO Paraíso bem podemos deixar de acreditar na sua realidade geográfica ou nas diversas figurações, nem por isso ele reside menos dentro de nós como dado supremo, como uma dimensão do nosso eu original; trata-se agora de irmos até lá descobri-lo. Quando o conseguirmos fazer,entramos nessa glória que os teólogos chamam essencial; mas não é Deus o que vemos cara a cara, é o eterno presente, conquistado ao devir e à própria eternidade...
A partir daí o que importa a história?
A história não é a sede do ser, mas a sua ausência, o não de todas as coisas, a ruptura do ser vivo consigo próprio; não tendo nós por massa a mesma substância que ela, repugna-nos continuar a cooperar nas suas convulsões. Fica-lhe a liberdade de nos esmagar, mas tudo o que atingirá então serão as nossas aparências e as nossas impurezas, esses restos de tempo que trazemos sempre connosco, símbolos do fracasso, sinais de não-libertação.”
In HISTÓRIA E UTOPIA de Emile Cioran
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