O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, setembro 24, 2004

AS REACÇÕES PATRIARCAIS
AO CÓDIGO DA VINCI


Parece que 150 mil pessoas em Portugal já leram o Código Da Vinci...tal como em Espanha e na Europa e outros tantos milhares na América. Mais de 8 milhões de pessoas leram o livro em todo o mundo, facto que começa a inquietar a Igreja Católica...

(Resposta a um artigo recebido pela Internet)

Não são só os católicos que se inquietam...
Acontece uma coisa muito curiosa como o “bicho mexe” ou “morde” intelectuais e “espiritualistas” e psicólogos...que se julgam genuínos (e viva o Sporting), gente de vanguarda até que tem o seu Jesus Kardequiano ou outro e se insurge e indigna com tanta falsidade e inexactidão histórica e má literatura...

Como é que é possível um sucesso destes no mundo inteiro? Agora é força do capitalismo e do consumo que faz ler milhares de pessoas, "incultas e sem discernimento" um livro de aventuras ou ficção...mas ninguém se indigna já com as Rebelo Pinto e outras tantas da Vida...porque essas não põem em questão o seu deusinho, nem a opus gay, perdão nem a opus dei, nem os bispos ou os papas...E todos falam, mas ninguém percebe...ninguém quer ler as entrelinhas do sucesso monstruoso e invejoso, nem saber do “inconsciente colectivo”, a tónica que é dada ao Princípio Feminino como fonte e o paganismo como origem das nossas adaptadas e caducas crenças que de civilizadas neste momento só me lembro da “inquisição”. O mesmo fenómeno que está por detrás do Código, está nas Aparições de Fátima assim como em outros fenómenos que levam milhares de mulheres e homens de joelhos a rezar, como necessidade pungente e emergente do Princípio Feminino!

Falta a Mãe do Mundo, falta a Mulher e a Paz! Falta a compreensão e a ternura!Falta o Fogo Feminino!E falta a denúncia da podridão religiosa secular e da cultura mental e intelectual das sociedades hipócritas regidas pela força bruta do deus macho! Onde impera desde sempre a desigualdade a tortura e a guerra...na América ou no Iraque, tão antigas como actuais!

Tenho dito aqui que não sou feminista por princípio, nem defensora de nada senão de uma Consciência Integrada - a união dos dois princípios em Um: feminino e masculino - mas os fenómenos sociais passam sempre pelo inconsciente colectivo e a sua manifestação abrupta catalizadora que emerge do fundo das origens subterrâneas (o lado reprimido pelas sociedades vigentes, e tudo o que concerne a mulher como princípio fundamental)que os bens pensantes e racionalistas e detentores da moral e das religiões, se insurgem contra a “inveracidade dos factos históricos” como se houvesse alguma história humana verdadeira (contada só de um lado da humanidade!)e fidedigna e não a história dos interesses económicos e políticos ou religiosos do patrialcalismo de onde a mulher foi excluida, a começar no cristianismo na pessoa de Maria Madalena, justamente a figura que o livro de algum modo procura resgatar da “má vida” e obscuridade a que os papas e os bispos da Igreja milenar esclavagista das mulherese as reduziu a santas e a putas!

Para mim no Código Da Vince só há um facto digno de crédito: a linha matrilínia como origem e o culto da Grande Mãe que nos reporta à emergência do Princípio Feminino e o seu eclodir na terra!

Quando Kardeque anuncia (há um século?) que Jesus e a “sua doutrina matou o paganismo todo-poderoso e tornou-se a bandeira da civilização”, para mim não faz mais do que o reafirmar do apagamento da Deusa e a anulação da mulher assim como não quis ver a perseguição às médiuns (as “bruxas”) porque ele também seguia a linha patriacal e as mulheres sempre foram e são para “os mestres” de menor importância.

Tal como todos os homens em geral e mesmo as mulheres desprevinidas e destituidas dessa sua identidade, são fiés ao princípio masculino e seguem os seu mentores e guias dentro do racionalismo flosófico - que se tornou único princípio regente - contra toda e qualquer reminiscência do Poder remanescente da Deusa e da Mãe e por consequência da Mulher, é isso e nada mais o que está em causa, quer na leitura do livro quer a sua recusa por parte dos detentores do poder temporal e religioso. Eles reagem por atavismo e em defesa da força de que são exclusivos detentores, mesmos os mais inofensivos machos...está no seu adn a marca da violência e o medo da mulher, contra a qual sempre se viraram.

Quanto ao livro ainda estranho que ninguém fale desse aspecto, claro, pois nem se fala ou relativiza...A ameaça da Deusa e da mulher é sempre ridicularizada e diminuida como infundada pelos fortes tentáculos da razão masculina que domina todos os meandros do pensamento humano - sem sentimento (coração) nem intuição – que são apanágio do princípio feminino ( e note-se não é só da mulher, mas também do homem se ele o tiver integrado).

Não me interessam de facto os factos...nem me interessa a sua exactidão cronológica...mas a possibilidade em aberto de os factos poderem ter sido outros...Se sei que a Génese foi pervertida segundo os interesses dos sacerdotes-guerreiros que invadiram a Europa há cinco mil anos...se também sei que Maria Madalena foi associada a Maria, irmã de Lázaro, a prostituta, para ser renegada enquanto líder natural dos evangelhos! Quando sei que ela própria, segundo fontes credíveis (porque o serão umas mais do que outras?) iniciou o próprio Jesus ao Mistério da Deusa e da Mulher que ela foi para Ele!

Sim a Mulher é o Graal perdido na memória da nossa história e que tanto as mulheres como os homens buscam...

Finalmente: eu li o livro e em espanhol, portanto não li assim tão bem como se tivesse lido em português e não gostei nada do estilo policial, da falta de profundidade do tema, nem da falta de beleza interna das personagens, nem da superficialidade com que o tema “histórico” foi apresentado, mas percebi que a informação subliminar do livro residia no levantar da cortina do que para os homens, tanto intelectuais como os “ espirituais” é mito e superstição...por isso a sua reacção e a sua chacota.

Se tivesse sido uma mulher a escrever o livro, ninguém teria dado importância. Seriam simplesmente “coisas de mulheres, coitadas”, mas como foi um homem que o escreveu e tiveram que o desdizer nos factos históricos e científicos...

Só falta considerarem o escritor como histérico...ou homossexual...

Para mim de qualquer modo a vossa Igreja e a vossa História é a mais pura ficçao e alienação dos princípios que regem o universo e não têm a menor credibilidade!

ROSA LEONOR PEDRO

SEM SOMBRA DE DÚVIDA:“As mulheres por vezes ficam histéricas e fazem e dizem as coisa mais estranhas. Mas esta observação vai dar a volta e morder a própria cauda: talvez a verdade da vida e do viver resida nas estranhas coisas que as mulheres fazem e dizem quando estão histéricas"


in “ As Duas Vozes”- de William Golding (Prémio Nobel de 1983).

2 comentários:

Cristal disse...

Antes de mais obrigada por me receber em seu blog muito interessante e a partir do qual podemos descobrir outras entidades, quero dizer escritoras.
Vou comentar esta sua afirmação com timidez mas com vontade.
Kardec viveu numa época histórica que pode levar alguém a considerá-lo em sintonia com a mesma ou sendo confundido pela mentalidade das pessoas dessa e de outras épocas que tentam explicar a doutrina á luz das suas limitações, convenções, etc. Mas a verdade é que a doutrina espírita visa a transformação tanto do homem como da mulher para que alcancem uma maior e melhor compreensão um do outro nas mais variadas acções que os ligam como a sexualidade e opção matrimonial, família, trabalho, relacionamentos, por forma a acabar com os erros pretéritos , as dores kármicas, que só dependem dessa transformação psicológica e consciêncial do homem (macho ou fêmea)encarnado através do respeito, do amor, da compreensão, etc…porque como é sabido Biologicamente o homem e a mulher são diferentes, porque cada um tem um papel diferente, mas a convivência e o objectivo são os mesmos, transformação moral. E é aqui que a doutrina tem um papel importante; além do mais o espiritismo até está a legar ás mulheres uma tarefa para a qual elas sempre tiveram vocação_missionárias. Os dons não escolhem sexo e têm de ser desenvolvidos com sabedoria.
Mas, claro que toda essa transformação vai levar o seu tempo e se há partes do globo onde nascem seres mais equilibrados noutras ainda é o que é.

Se me permite:- essa ideia das almas gémeas do equilíbrio yin yang é alcançado pela transformação dos dois num memo objectivo.
A sensibilidade de um é a sensibilidade do outro.

Esta questão da deusa, é muito interessante e parece-me que ainda se torna mais interessante se realçarmos o seu importante papel de educadora.
MUITA PAZ
Maria

Ná M. disse...

Simmmmmmmmmmmmmmmmmmmm ! Até pq eu acredito que além da questão da consciência,do condicionamento educacional, espiritual, como trazem muitos autores, está tb o lado puramente sexual da coisa.... Pq os homens principalmente iriam querer uma mulher emancipada, né? mas a mente nem sempre está com o coração.....