O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 20, 2004

"O PARADOXO COMO EXPERIÊNCIA RELIGIOSA"

"O sofrimento pessoal começa quando somos crucificados entre dois opostos. Se tentarmos abraçar um sem pagar tributo ao outro, degradamos o paradoxo ao nível da contradição. Todavia ambos os lados dos pares de opostos devem merecer e ter igual mérito. O sofrer a nossa confusão é o primeiro passo para a cura. "(1)

(1)Sofrer em latim: sub plus ferre= suportar ou permitir

"Passar da oposição (sempre uma discórdia) para o paradoxo (sempre sagrado) é dar um salto de consciência. Esse salto transporta-nos através do caos da meia idade e dá-nos uma visão que ilumina os dias que nos restam."



RE-LIGARE - LIGAR, JUNTAR, CURAR

"Só pode haver uma visão interior que faça a ponte ou que cure e suavize. Isto é o que restaura e reconcilia os opostos e de os ligar em união outra vez, sobrepondo a rotura que nos tem estado a causar tanto sofrimento. Ajuda-nos a mudar da contradição - essa contradição dolorosa em que as coisas se opõem umas às outras - para o domínio do paradoxo, onde somos capazes de conviver simultâneamente com duas noções contraditorias e dar-lhes igual dignidade. Então, e, só então, há possibilidade da graça, a experiência espiritual de contradições trazidas a um todo coerente, dando-nos uma maior unidade do que qualquer uma delas. Dizer que é melhor dar que receber é uma entrega do mesmo tipo de erro que prova que dois é igual a três. Focalizar o aspecto religiosos sobre um par de opostos é um engano. Só o domínio da síntese vale o adjectivo. Temos de restaurar a palavra RELIGIOSO/A restituindo-lhe o seu verdadeiro significado. Nessa altura reganhará o seu poder de cura. Curar, ligar, juntar, fazer ponte, voltar a juntar outra vez, estas são as nossas sagradas faculdades."

in "Owning Your Own Shadow"
de ROBERT A. JOHNSON - tradução de Aldegice Machado da Rosa

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