O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
A MULHER E A DEUSA EM SI
Que longe está a Mulher da sua essência assim como das três mulheres que ao longo da vida e no assumir das diferentes idades lhe dão dignidade e saúde...A mulher sem identidade e cindida em duas, fragmentada em si mesma, considerada apenas pela sua beleza exterior e jovem e segundo o estereotipo masculino sofre horrores por envelhecer...Com isso a mulher trai a sua alma e não compreende que vive em luta consigo própria na procura do seu outro lado, não sendo só o homem que lhe falta, mas parte substancial dela mesma!
Por não se saber nem conhecer na sua dimensão ontológica, a mulher privada de identidade, porque reduzida a uma sua metade, sofre atrozmente por envelhecer e põe toda a ênfase da sua vida na imagem...
A grande falta de CONSCIÊNCIA do que é um Ser Humano integro, tendo em conta os dois lados de cada ser é o grande mal da humanidade, e portanto não só da mulher. Mas é na mulher, a divisão do seu ser essencial, alienado do seu todo, tal como o homem neste caso, na dinâmica do corpo-alma-espírito, que leva a erros monstros ou quase crimes cometidos em nome da estética. Nessa perspectiva ainda continua a mulher a ser explorada como sujeito passivo e sem voz própria e que por isso mesmo se torna a maior vítima de doenças causadas pela sua inferiorização e abuso de todo o tipo de que é vítima directa na nossa sociedade.
Pela desvalorização da mulher, passado o seu período “fértil” de mais valia que o homem lhe atribui, esta passa a ser assolada por doenças na maioria consequência da sua anulação e sofrimento a que é votada depois dos cinquenta...
A mulher tem sintomas e doenças que lhe são peculiares não enquanto mulher em si, mas enquanto ser social, dividido segundo a moral católica em “boa mãe ou prostituta” e psicologicamente relegado para situações de precariedade e insuficiência. E continua cegamente a entregar-se nas mãos de médicos que as olham apenas como instrumentos de reprodução ou de prazer e lhes “arrancam” o útero ou os ovários sem saber da importância vital e psíquica desses órgãos para ela, porque justamente a mulher não tem a Voz do útero na sociedade dominada por homens e mulheres clones de homens...
Vencem as Atenas saídas da cabeça de Zeus! E não as filhas da Deusa Mãe...
Todo o desequilíbrio da Humanidade tanto a nível individual como social e colectivo passa pelo desequilíbrio entre os princípios Feminino e Masculino. A “ inferioridade” social e psicológica da mulher em todo o mundo como pressuposto "inato" no Paradigma patriarcal, é a grande causa da pobreza e violência no mundo inteiro!
R.L.P.
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