O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 15, 2005

Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada.
(Fernando Pessoa)

Morrer é ver certamente aquilo que nunca quisémos ver...
Que somos finitos e ignoramos tanto a essência do nosso ser como o nosso destino, assim como ignoramos as causas da vida e do universo.

Nós não sabemos sequer de onde viemos nem para onde vamos...

O Céu e o Inferno inventamo-los, tanto como um Deus que castiga ou salva.
De certo e axacto apenas sabemos que um dia nascemos e noutro morremos, novos ou velhos, mal este "Sopro Vital" cessa e o coração - o grande Mistério - deixa de bater.
Aí é onde acabam todas as lutas e causas.




"NÓS ESTAMOS TODOS NO FUNDO DO INFERNO
EM QUE CADA INSTANTE É UM MILAGRE"


Emile Cioran


(...)
- Estou cansada - disse a mulher.
- Quando chegarmos à terra para onde vamos, descansarás, estendida na relva, à sombra das árvores e dos frutos.
(...)
Compreendeu que lhe restavam somente alguns momentos.
Então virou a cara para o outro lado do abismo. Tentou ver através da escuridão. Mas só se via escuridão. Ela porém pensou:

- Do outro lado do abismo está com certeza alguém.
E começou a chamar.


in CONTOS EXEMPLARES
SOPHIA DE MELLO BRYNER ANDRESEN

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