Sem essa violência contra a mulher, o homem não pode exercer a violência do homem contra o homem, porque o grande modelo da violência é a violência contra a mãe.
AN - A feminista Juliet Mitchell recomenda às mulheres preocupar-se com as crianças. A senhora sonha com a solidariedade e fala em mudar as estruturas dos privilégios. Como aproximar esses dois discursos?
Rose Marie - Ela diz que se a mãe abandonar as crianças teremos seres humanos com graves problemas a partir da fase oral, o que estou absolutamente de acordo. Mas não só a mãe, o pai também deve ser o cuidador das crianças. Com sempre foi no mundo primitivo, onde cuidar de criança era trabalho de homem e de mulher. Se houver esse rodízio entre pai e mãe, como eu vi na Suécia, por exemplo, não teremos problemas na formação das crianças. Pelo contrário. A Júlia Mitchell não estudou a presença masculina, mas outras feministas dizem que se o pai tem uma relação materna com a criança, ela não verá mais um pai dominando uma mãe, e sim dois iguais. Não verá mais a relação dominante/dominado.
AN - Seria uma revolução, pois o índice de violência cometida contra a mulher segue em ritmo acelerado. Isso sem falar das crianças sem lar, morando nas ruas.
Rose Marie - É a maior revolução dos últimos oito mil anos, maior até que a revolução tecnológica. Claro que há violência contra as mulheres em todas as classes sociais. Há uma pesquisa dos Estados Unidos que mostra que 66% de todas a mulheres americanas apanhavam, ou tinham apanhado. Isso mostra que a violência contra a mulher não é conjuntural, não é esporádica, é estrutural do sistema. Sem essa violência contra a mulher, o homem não pode exercer a violência do homem contra o homem, porque o grande modelo da violência é a violência contra a mãe. Tudo que as crianças vêem no primeiro ano de vida tomam como natural, nunca esquecem. Assim, elas aceitam uma sociedade opressiva e autoritária. Quando vêem uma mãe que não apanha, elas aceitam uma sociedade democrática e pluralista.
AN - Quer dizer que a democracia é reflexo da mobilização feminina?
Rose Marie - A democracia no mundo nunca existiu. Ela é filha do último quarto do século 20, que é a época de libertação da mulher. Isso significa que homem e mulher tendem a caminharem juntos, principalmente entre os mais jovens.
AN - A senhora diz no livro "Memórias de uma mulher impossível" que a Aids é uma doença fabricada pelos americanos. Por que teriam feito isto?
Rose Marie - A Aids foi fabricadíssima para acabar com todos os movimentos de contestação. Os homossexuais dos Estados Unidos me diziam: olha, isso é fabricado. E já apareceu nos livros que provam que foi fabricado mesmo. Fizeram lá uma transformação na doença e ficou assim mortal."
(Excerto de uma entrevista a Rose Marie Mauro)
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