O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, dezembro 07, 2006

AS CAUSAS DA CRIMINILIZAÇÃO DO ABORTO...


O patriarcado e seus representantes dentro da Igreja e na política, gostam de achar que estão defendendo a sacralidade da vida quando se manifestam contra o aborto. Na verdade eles estão defendendo é que a mulher seja criminalizada pelas crianças geradas fora do casamento e que se tornam indesejadas a partir do momento em que "denunciam" que a mulher ousou se relacionar sexualmente fora dos padrões que a Igreja e a sociedade consideram válidos para a mulher. Apesar de toda suposta liberdade a mulher ainda é refém dos mesmos padrões morais que a dividem em aquelas que servem para casar e cuja situação ideal seria a de virgens ou pouca experiência e a prostituta que só serve para a satisfação sexual dos homens.

Uma mulher grávida fora do casamento, é um perigo ao poder do homem sobre a sua prole, ela deixa claro o quanto hipócrita e opressora é essa moral dos homens sob a perspectiva da mulher. Nenhuma criança, do ponto de vista da mulher é indesejável, pois nenhuma delas é órfã. Todas são filhos e filhas da mãe. Mas uma criança de mãe solteira, sim é uma ofensa aos homens que se vêem diante de sua inferioridade ao ter de assumir um filho cuja única certeza de sua paternidade seria um exame de DNA. E antes, nem isso os homens tinham, daí o extremo horror que tem diante da possibilidade de criar um filho gerado por outrem. Afinal, isso seria uma mancha na sua delicada masculinidade. Com as mulheres não é assim. Somos mães desde o momento da concepção e seguiremos sendo por toda a vida. É esse o ódio dos homens: a mulher na sua suposta inferioridade pode carregar essa certeza. O macho superior não.

Daí o casamento, que seria do ponto de vista deles, a única maneira de garantir que estariam dando seus sobrenomes a filhos legítimos. E dentro desse cerco moral criado a partir do temor dos homens, apareceu a figura da criança indesejada, aquela que não tem pai, pois pode ser filho de qualquer um e não do marido, mas que tem mãe e isso só lhe bastaria. Mas uma criança que nasça só sob a autoridade e legitimidade da mãe é uma ofensa, pois o direito a propriedade sobre os filhos pelos pais estaria ameaçado. O aborto surgiu desse estigma, mulheres que dão à luz crianças sem pai, tem de servir de exemplo para que outras não se atrevessem a burlar a moral da Igreja e dos homens.

Mulheres que abortam são mulheres maculadas, mulheres que ousaram trair o papel que lhes é destinado: úteros dentro do casamento para gerar filhos só para seus maridos. A Igreja sente horror só de pensar nisso, afinal foram séculos incutindo a idéia da pureza feminina estar ligada à virgindade e o sexo só pra procriação, já que esta mesma sociedade de moral cristã, já tinha separado entre as mulheres aquelas que serviriam ao prazer dos homens e passariam a vida sendo apontadas como tendo a conduta a ser rejeitada pelas outras que seriam as filhas de Deus e da Igreja. A mulher tem que ter garantido o seu acesso aos métodos contraceptivos e a fazer um aborto, quando assim optar, dentro de condições mínimas de saúde para que não seja vítima de nenhuma seqüela ou até da morte. As mulheres não devem ser punidas por exerceram seu direito à uma vida sexual ativa. O corpo é da mulher e o útero também. Temos direito à liberdade de escolha.

O aborto surgiu desse estigma, mulheres que dão à luz crianças sem pai, tem de servir de exemplo para que outras não se atrevessem a burlar a moral da Igreja e dos homens. Mulheres que abortam são mulheres maculadas, mulheres que ousaram trair o papel que lhes é destinado: úteros dentro do casamento para gerar filhos só para seus maridos. A Igreja sente horror só de pensar nisso, afinal foram séculos incutindo a idéia da pureza feminina estar ligada à virgindade e o sexo só pra procriação, já que esta mesma sociedade de moral cristã, já tinha separado entre as mulheres aquelas que serviriam ao prazer dos homens e passariam a vida sendo apontadas como tendo a conduta a ser rejeitada pelas outras que seriam as filhas de Deus e da Igreja. A mulher tem que ter garantido o seu acesso aos métodos contraceptivos e a fazer um aborto, quando assim optar, dentro de condições mínimas de saúde para que não seja vítima de nenhuma seqüela ou até da morte. As mulheres não devem ser punidas por exerceram seu direito à uma opção.

Em tempo: eu gostaria muito de ver a Igreja e os políticos e certos homens e mulheres defenderem com tanto empenho a vida daquelas crianças que já nasceram. Porque não tornam crime, o abandono das crianças pelo Estado? Porque não é crime deixar uma criança sem escola? Porque os padres não saem às ruas pedindo a condenação dos que abusam das crianças? Porque não é crime deixar uma criança morrer de fome ou de doenças infecto-contagiosas? E as mulheres e homens que tanto se horrorizam com o aborto, porque não saem por aí adotando todas as crianças abandonadas em orfanatos? Aí é pedir demais á nossa sociedade hipócrita, porque eles só querem fingir que se importam...Importar-se realmente dá muito trabalho!


i.b.v.b. | 06-12-2006 18:36:41
TEXTO ENVIADO POR UMA LEITORA...

OBRIGADA IGACI PELA SUA PARTICIPAÇÃO.

O mais espantoso é que há mulheres que pensam exactamente como os seus mentores e opressores. Há mulheres tão opressoras da Consciência do Feminino como os homens; mulheres que não têem qualquer discernimento sobre a sua natureza nem o que lhe é intrínseco. Condenam outras mulheres, justamente aquelas que são a sua sombra, aquelas que lhes ensinaram a odiar sem saber que são parte de si próprias. Essas mulheres com cabeça de homens são as Atenas, as nossas jornalistas e deputadas eventualemnte escritoras, fabricadas nas escolas do patriarcado.
São as mulheres saídas da cabeça do Pai; é natural que não sintam nem saibam o que é verdadeiramente uma mulher; perderam a dimensão do Sagrado e a sua ligação à Grande Mãe, a Deusa dos primordios. Essas mulheres são as filhas do Pai e não as Filhas da Mãe...Por isso elas confiam mais nas Leis dos homens do que na sua própria natureza...se o fizessem sabiam que as mulheres são as Mães e nunca abortariam se a socieadade patriarcal não as tivesse rejeitado e condenado ao desprezo e à miséria que além de ser material é também mental!

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu Deus!!! Quanta ignorancia!!!!
Dah seu filho pra adocao ao invez de mata-lo !!!

Helena Felix (Gaia Lil) disse...

Se toda uma vida fosse facil de determinar assim como diz esse anonimo...

Ná M. disse...

Perfeito !!!! Ser mãe em primeiro lugar é oferecer um local onde seus filhos possam trabalhar, se divertir, crescer e serem eles mesmos !!! Antigamente não existia pílula anticoncepcional pra mulhers que não tinham condição de terem filhos, naõ se esqueçam disso !!!! Primeiro cria-se uma situação onde a mulher perde todo o respeito e toda a capacidade de fazer-se respeitar, e depois critica-se ela pelas atitudes que toma, como se ela nunca tivesse tido outras possibilidades de vida