... A mulher que o cinema e a moda projecta, mesmo no cinema de "qualidade" não passa, regra geral, de um instrumento usado para instintos e intuitos os mais baixos e puramente sexuais comerciais; a mulher serve exclusivamente a imagem que o realizador ou o estilista projecta dela (ou dele?), o seu imaginário do feminino, a sua ficção da mulher.
E o mais grave é que é a partir desse imaginário redutor e deturpado do homem que ficciona a mulher dos seus sonhos ou dos seus pesadelos, que a mulher comum vive, traindo a sua verdadeira natureza que desconhece! Que desconheça a sua essência e aceite ser exposta como gado nas feiras do sexo ou nas passereles...e não se importa de ser a ninfomaníaca, a prostituta, a sedutora, mulher fatal e submeter-se a toda a espécie de cenas degradantes para ser uma estrela e ganhar o oscar...
O "cinema", seja drama ou comédia, impôs à mulher uma sexualidade mecânica e vazia que não é sequer a dela! A sensualidade da mulher é bem diferente do erotismo masculino...as suas naturezas são opostas...e complementares, mas a sociedade materialista fê-los iguais, ou melhor fez da mulher homem...
Que o homem use a mulher como sempre o fez e a faça fazer os papéis que ele quer ou sonha, que seja seu agente ou gigolô eu compreendo, mas que seja a própria mulher a defender aquilo que é o imaginário masculino isso a mim custa-me. Custa-me que a mulher aceite toda essa degradação do seu ser, que ache normal haver essa divisão dela mesma, que essa divisão reflicta de um lado a amante quase sempre considerada a puta e do outro a esposa, vista como a mulher séria...
E todos os dias as mulheres em casa, na rua, na sociedade, nas telenovelas e óbviamente no cinema seja inimiga da "outra" e a destrua é uma luta antiga e estúpida de um Mundo fracturado em duas metades em que o homem as dividiu para reinar...e o que mais gosta de ver na tela é duas mulheres a arrancar cabelos uma à outra por causa dele...
Que as mulheres que se julgam inteligentes e modernas perpetuem esse estado de coisas é que me indigna. Que não tenham consciência da sua divisão interna e externa e vivam coladas a ídolos (do grego: "figuração de uma falsa divindidade") do cinema que os homens criaram delas, isso, deixa-me perplexa e revoltada. R.L. P
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