O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 08, 2007

MULHERES LIVRES


Houve um tempo em que tu não eras escrava...lembra-te disso. Um tempo em que caminhavas sozinha, cheia de riso em que te banhavas nua no mar...Podes ter perdido a memória desse tempo, mas procura lembrar-te...Podes dizer que não há palavras que descrevam esse tempo, podes dizes que ele não existe. Mas recorda. Faz um esforço para o relembrares, ou, se não conseguires, inventa-o!"


"Les Guerrilleres" de Monique Wittig

NO MASCULINO...
"Houve um tempo em que tu não eras um escravo; lembra-te disso.Um tempo em que caminhavas sozinho, cheio de riso em que te banhavas seminu no mar. Podes ter perdido a memória desse tempo. Mas procura relembrar-te...podes dizer que não há palavras que descrevam esse tempo, podes dizer que ele não existe. Mas recorda. Faz um esforço para o relembrares, ou, se não conseguires, inventa-o! "
Monique Wittig (tradução de Vera Faria)
LIDO E TIRADO DE in http://saberdesi.blogspot.com/


Cara Luiza Frazão:

Queria só alertá-la de que o excerto de Monique Wittig refere-se à mulher escrava e não ao homem. ...Alem disso é uma traição tremenda ao espírito da autora...Todo o texto se refere essencialmente à liberdade da mulher e da sua expressão; inclusive esta autora cria uma linguagem toda no feminino e é uma acérrima feminista, por isso achei estranho haver uma tradução no masculino. Desculpe a chamada de atenção mas faz toda a diferença, embora o homem também seja um escravo, faz da mulher sua escrava...

Como o próprio título do livro indica "As guerrilheiras" trata de mulheres e não de homens...Compreendo que seja nobre dar um sentido universal ao texto mas é a Mulher que precisa tomar consciência de uma liberdade que perdeu...

ESTE PEQUENO EXCERTO TRADUZIDO NO MASCULINO EM VEZ DE TAL COMO NO ORIGINAL SER NO FEMININO, FAZ TODA A DIFERENÇA, UMA DIFERENÇA GRITANTE POIS O HOMEM FOI SEMPRE LIVRE DE SE BANHAR NU NO MAR OU DE CAMINHAR SOZINHO
"Les Guerrilleres"

3 comentários:

Luíza Frazão disse...

Obrigada, Rosa Leonor, pelo seu esclarecimento de que apenas agora me apercebi.
Na verdade, Vera Faria tinha acrescentado "tradução livre" e ela quis de facto falar de um estado de "escravidão" em que todos no fundo nos encontramos, motivado pelo medo, a ignorância/inconsciência, os estereótipos, a matriz de controlo...
Há de resto um nível, o nível da alma, em que não haverá qualquer diferenciação de género...
Luíza Frazão

Anónimo disse...

Sem dúvida que há um nível o da alma em que não se destinguirá o género, além do mais todos vamos variando de vida para vida de género...e às vezes ficam memórias que nos confundem mas fica sobretudo a certeza da ambivalência do ser ou o yin e o yang em cada um de nós homem ou mulher!Em que a essência só se toca justamente nesse casamento alquímico entre o feminino e o masculino dentro de cada ser. No entanto falta tanto ao homem como a mulher integrar o princípio feminino para unir os opostos e encontrar o equilíbrio interior a equanimidade! Por isso a importância DESTE NOSSO TRABALHO COM A MULHER...
Agradeço a sua atenção
rosa leonor

Ná M. disse...

Vai ver estão falando do homem que é acorrentado pelo capitalismo, que se alienou e vive para o poder financeiro..Mas claro que não terá a mesma conotação do que o poema original...Podem ser ambas escravidões, mas são escravidões diferentes........