Eu sei minhas amigas que por vezes os excertos ou textos que aqui publico parecem nada ter a ver com a Consciência do Feminino Sagrado ou as "causas da mulher"...mas a Deusa é a Consciência da Unidade dos Princípios, do Céu e da Terra e o caminho individual do homem ou da mulher é uní-los, é unir os seus dois polos, dentro e fora, é unir os dois Princípios feminino e masculino, é integrar as duas partes que o constituem. E esse é o Caminho da Espiritualidade o caminho do Espírito Uno. Unir o corpo a alma e o espírito.
Eu sei que cada Ser, homem ou mulher tem de SER UNO em si.
A questão principal neste momento é que a Mulher para seguir a via do espírito e da sua unidade, precisa antes de mais unir-se ao seu feminino cindido...unir as duas mulheres separadas em dois estereótipos para assim poder unir-se ao seu masculino, tanto dentro como fora...Não se trata tanto de saber que Deusa é e a Deusa que se lhe opõe por conflito com Zeus, o dominador do Olimpo. Isso é uma história de homens e guerras e da usurpação do poder das deusas pelos gregos e romanos. É mais urgente agora essa integração das duas mulheres dentro de cada mulheres, cindida na sua natureza humana e divina ela vai reflectir essa divisão sobre o filho, seja ele homem ou mulher. Os dois perderam a consciência da sua totalidade, porque a mulher perdeu a sua integridade. Mas é a mulher quem mais sofre essa divisão porque a sofre na pele a nível do seu ser mulher e o homem não...
Trata-se agora e é de suma importância reconhecer a cisão que o "cristianismo", digo, a igreja de Roma - e essa é a nossa história actual - impôs à mulher, reprimindo a sua sexualidade e natureza instintiva, a sua intuição e poder pessoal, para a fazer passivamente submeter-se à autoridade religiosa e ao homem e mesmo ao estado, e perpetuar sobre ela as maiores infâmias.
Deste modo, creio que o caminho espiritual da mulher passa imperiosamente pela integração e consciência desse feminino fragmentado, separado e antagonizado secularmente na mãe e na filha, na esposa e na "outra", na imagem da mulher séria e na sua sombra, a mulher "promíscua" - a que tem mais de um homem ou não é casada - a solteira e a divorciada - a prostituta...
Esta consciência não se opõe ao trabalho de evolução espiritual da mulher mas ela precisa de ter consciência que trava uma batalha dentro e fora de si mesma o que torna as coisas mais árduas.
Sem essa Conciência ontológica a mulher pode ousar ser mais do que a sociedade lhe permite, mas adoece e sofre terrivelmente a dor separação de si mesma...
Penso que neste contexto cultural do últimos séculos a mulher ainda não se libertou desse estigma e continua a sofrer de múltiplas formas as suas consequências consciente ou inconscientemente. Continua a sentir-se a boa ou a má filha esposa ou mãe...a fada do lar ou a bruxa perseguida... Muitas vezes ela intelectualemnte pensa-se liberta de tudo isso mas no íntimo essa fragmentação mata-a pois mina-a o medo ancestral, o complexo de culpa, que a anula na sua vontade e liberdade de ser um Ser Completo, mesmo que se atreva a romper barreiras assumindo as suas duas ou mais Faces da Lua...
rlp
2 comentários:
Rosa, vc voltou com tudo da sua maravilhosa viagem ao Egito. Os textos estão maravilhosos. Estou lendo e relendo... Um grande abraço, Igaci
obrigada Igaci pela sua presença e pelas suas palavras sempre estimulantes!
conto sempre consigo e também com as suas impressões!
abraço
rosa leonor
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