O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, novembro 25, 2007

voltar a luxor...




Começo a sentir em mim uma entranhada saudade das terras do Egipto…Uma nostalgia do ar que se respira e da paisagem tão repentinamente abrupta e árida como quente e doce no seu ar aveludado que nos afaga a pele como um ente amado…Um sopro misterioso exala dessa paisagem agreste feita de pedras montes e desertos e os oásis inesperados que inopinadamente surgem diante dos nossos olhos… e me faziam chorar a alma…
Lembro-me daquela vegetação luxuriante, daquelas árvores frondosas e elegantes tão diversificadas numa flora rica e variada, permeada de flores de cores maravilhosas. Por detrás da poeira e poluição, do lixo imundo – em que abundam garrafas e sacos de plásticos - que os homens deitam no rio Nilo - por detrás daquela miséria, a feiura das casas inacabadas à beira da estrada, da pobreza das pessoas, das crianças andrajosas e sujas, tal como na Índia, mas menos oprimente, onde quase se não vêem mulheres nas ruas (ao contrária da índia em que estas surgem coloridas e nos seus saris) e as que se vêem aqui vestem trajes negros da cabeça aos pés que arrastam pelo chão na poeira da terra…surge então essa beleza incomparável da natureza mãe na sua generosidade, profícua e inalterável; sim por detrás de tudo isso e os milhares de turistas alienados, como gafanhotos, uma praga verdadeira, predadores ávidos de templos e mistérios, sente-se a doçura escondida de uma terra outrora limpa fresca e de uma beleza ofuscante. Sente-se a presença intemporal dos deuses e deusas que eram forças e seres de inteligência superior (talvez de outros planetas...) manifestada na Terra, energias cósmicas que faziam os registos de outros mundos e outras origens em sinais evidentes de uma sabedoria esquecida e antes acessível aos de coração puro e limpo de ódio e cobiça…

Se pudesse, voltava e ficava em Luxor tempo indefinido até resgatar essa memória que de mim se perdeu nos confins do tempo. Nunca me aconteceu isto em nenhum lugar da terra. Se pudesse eu voltava e fugindo dessa praga que são os turistas, havia de visitar as ruínas da antiga de Luxor que se encontram mesmo ao lado do hotel onde estávamos.
Iria encontrar-me com as deusas ainda vivas nas suas representações energéticas embora os rostos destruídos pelos fanáticos coptas, as mais mutiladas Ísis e Hathor…Voltaria à capela secreta de Shekemit e pedir-lhe-ia que voltasse para fazer justiça e reconstruir o Templo da Deusa Ísis, para que expulsasse os usurpadores para sempre do país sagrado. Para que de novo cantássemos a Hathor o seu esplendor, a sua dádiva de amor e as espigas sagradas que nos dão pão e vida …
Pedia-lhe para que as mulheres voltassem a ser o que eram…e de vestes claras e transparentes semeassem as terras férteis de sementes e amor…

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