Faz a Vénus de Willendorf justiça à experiência feminina?
Faz. A mulher está presa no seu corpo aquoso, ondulante. Ela tem de escutar e aprender a partir de algo que a excede, mas ao mesmo tempos está dentro de si mesma. Cega, sem língua, sem cérebro e sem braços, de joelhos inclinados para dentro, a Vénus de Willendor parece o modelo depressivo do género feminino. Mas as mulheres são depressivas, abatidas pela gravitação da terra, que nos atrai para o seu seio. Iremos ver esse maligno magnetismo em acção na obra de Miguel Ângelo, pois foi um dos seus grandes temas e obsessões. No ocidente, a arte é uma forma de desbastar grosseiramente o excesso de natureza. A mente ocidental cria definições; ou seja, traça linhas. E isso é a essência do apolíneo. Não existem limites na Vénus de Willendorf, apenas curvas e círculos. Ela é o sem-forma da natureza. Está atolada no lodo miasmático que eu identifico com Dionísios. A Vénus de Willendorf, afundada, sostra e desmazelada, vive num buraco estupidificante – o útero-túmulo da mãe natureza.(…)
“Aquilo que o ocidente reprime na sua visão da natureza é o ctónico, termo que significa “da Terra”, mas das suas entranhas, não da superfície.”
Camille Paglia
Temenos: É uma palavra grega que significa lugar sagrado e protegido:
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Camille Paglia
Temenos: É uma palavra grega que significa lugar sagrado e protegido:
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“O corpo feminino é um espaço secreto, sagrado. É um recito ritual, um temenos, palavra grega que adoptei nos meus estudos sobre arte. No espaço marcado do corpo feminino, a natureza opera o seu registo mais tenebroso e mecânico. Cada mulher é uma sacerdotisa que guarda o temenos dos mistérios demónicos.
(…)
O corpo feminino é o protótipo de todos os espaços sagrados, desde a caverna-santuário, ao Templo e à Igreja. O Útero é o velado santo sanctorum, um grande desafio, como veremos, para polemistas sexuais como William Blake, que procura abolir a culpa e o secretismo do sexo. O tabu que envolve o corpo feminino é idêntico ao que sempre paira sobre os lugares mágicos.
A mulher é literalmente o oculto, o esconso. Estes misteriosos significados não podem ser alterados, podem apenas ser suprimidos temporariamente, até irromperem de novo na consciência cultural. Nada pode fazer contra o arquétipo. Só destruindo a imaginação e a lobotomizando o cérebro, só castrando e operando, é que os sexos se tornariam iguais. Até lá, temos de viver e sonhar na demónica turbulência da natureza.”
In Personas sexuais de Camille Paglia
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O corpo feminino é o protótipo de todos os espaços sagrados, desde a caverna-santuário, ao Templo e à Igreja. O Útero é o velado santo sanctorum, um grande desafio, como veremos, para polemistas sexuais como William Blake, que procura abolir a culpa e o secretismo do sexo. O tabu que envolve o corpo feminino é idêntico ao que sempre paira sobre os lugares mágicos.
A mulher é literalmente o oculto, o esconso. Estes misteriosos significados não podem ser alterados, podem apenas ser suprimidos temporariamente, até irromperem de novo na consciência cultural. Nada pode fazer contra o arquétipo. Só destruindo a imaginação e a lobotomizando o cérebro, só castrando e operando, é que os sexos se tornariam iguais. Até lá, temos de viver e sonhar na demónica turbulência da natureza.”
In Personas sexuais de Camille Paglia
1 comentário:
Quando se fala acima no texto q as Mulheres sao depressivas abatidas pela gravitacao da Terra q somos atraidas para o seu seio, entao, leva me a pensar q as Mulheres vibram na energia da Terra, q esta cansada das atrocidades q lhes sao inflingidas.
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