O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, novembro 19, 2016

CONSCIÊNCIA DE QUÊ?



A CONSCIÊNCIA DE SI COMO MULHER

De facto não tenho um método nem uma técnica nem um processo X para transmitir o meu projecto de Conhecimento da Mulher em si…o que eu tenho - e não saio deste raio de acção - é apenas a Consciência clara de uma Cisão que afecta todas as mulheres no mundo e sei, que enquanto essa cisão não for tida em conta pelas mulheres, todas as mulheres, enquanto não houver uma consciencialização desse facto e isso não for encarado por si para que se possa entrar no processo de integração das duas mulheres divididas dentro de si mesma…bem podem as mulheres do sagrado feminino falar do seu resgate ou apelar à Deusa e a todas as deusas ou as deusas de todos os tempos…Podem até apelar a todas as forças do cosmos…que lhes valham… que isso não acontecerá! Porque só unindo essas duas partes de si  cindidas ela poderá ser a mediadora das forças cósmico telúricas...Só a Mulher Integral, a Mulher primordial, poderá ser a representante da Deusa na Terra.

Assim, minhas amigas, espero que não se sintam a desperdiçar o vosso tempo  e pelo vosso FOCO aqui e a tratar dessa ferida emocional, dessa fissura energética (que atravessa todos os vossos corpos, principalmente o físico e emocional) pois sem uma coesão do ser mulher em si, sem a fusão das duas mulheres antagónicas, que dentro de nós, se odeiam e rivalizam projectando o ódio na “outra”, dificilmente ou nunca poderão chegar a um ponto de união com a Deusa que não é senão o ponto de encontro em que as duas mulheres cindidas pela religião patriarcal, a “santa e a puta” em nós, casam…e dão o nó górdio que a torna uma mulher integral ou faz LIlith renascer das cinzas da nossa memória…
Minhas amigas, sem esse matrimónio interior, não há casamento com os opostos, feminino e masculino, sol e lua, yin e yang, porque a mulher não tem a sua feminilidade integrada, e sem essa completude de si e vivência…ela não está em contacto com a sua Anima. Porque o engano Junguiano vem de se pensar que o animus é o representante da mulher e a anima do homem…essa inversão psicológica dos contrários a partida, baseada numa realidade das mulheres analisadas por Jung e Freud que na época estavam totalmente presas do Pai e do Mestre, educadas em estritas regras de comportamento, numa projecção parcial de si, ou seja exclusivamente regidas por padrões do masculino, sem qualquer sentido da sua identidade profunda enquanto mulher-fêmea, impede ainda hoje que a mulher em vez de animus que é o aspecto oposto que nela foi desenvolvido e em que ela se expressa neste sistema, chegue à sua anima uma vez que a vai procurar fora e no homem sistematicamente…
Portanto e para concluir, julgo que e em definitivo   a coisa principal, a mais urgente que a mulher  pode e deve fazer por ela, é tomar consciência da sua cisão interior, vendo como cada mulher é apenas uma metade de si, e procurar integrar a totalidade dessa natureza divida na sua psique de forma consciente e natural num trabalho permanente de atenção e intenção de se tornar uma mulher integral.
Resta-nos saber SE as terapias ou curas e outros meios ao nosso dispor podem ajudar a curar as feridas profundas dessa parte do feminino anulado…sim, digo que sim, podem ser muito úteis e necessárias, mas sem essa consciência activa e a atenção permanente na sua própria divisão ela será constantemente presa nas armadilhas que a sociedade lhes apresenta de uma mulher continuamente estereotipada e as emoções contraditórias que essa divisão interior acarreta…Porque, por mais que a mulher faça e ande, ela será sempre ou agirá sempre como uma metade de si… deixando a outra parte nos esconsos da sua psique…e projectando-a fora na “outra” ou contra a “outra”…a rival e a inimiga, eternamente separadas e perdidas no mito do amor romântico á espera de que o homem a complemente…sem nunca poder colmatar o grande vazio de si mesma!
Rosa Leonor Pedro
rlp
in Mulheres & Deusas - 2008
rosaleonorpedro

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