O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, novembro 14, 2016

UM TEXTO MAGNIFICO...



Curar a ruptura mãe / filha

Para muitas mulheres que cresceram no seio de uma sociedade patriarcal, verificou-se uma ferida que vai além da relação de uma mulher com a mãe dela pessoal. Vai para o coração do desequilíbrio de valores na nossa cultura. Enterramos a nossa alma, os nossos verdadeiros sentimentos, a nossa ligação com o nosso corpo e a nossa imaginação; nos separamos de tudo o que faz com que a vida seja vital e criativa. Estamos ansiosas dessa profunda conexão. Desejamos a filiação e a sensação de comunidade, as qualidades positivas, fortes e enriquecedoras do feminino que faltaram em nossa cultura.
Quando a mulher tem uma relação difícil com sua mãe e reconhece como se tem subestimado o feminino na nossa cultura, tem que enfrentar o desafio de introduzir a compreensão e a reconciliação nessa relação. Tanto faz se a tua mãe pessoal era nutridora ou fria, se te lhe dava confiança em si mesma ou a manipulava, se estava presente ou ausente, a sua relação interna com ela está  inserida no seu dna psicológico como "Complexo de mãe". Se a sua psique tem Assumido a sua mãe, de uma forma negativa ou destrutiva,  divorcia-se da  sua natureza feminina positiva e  vai ter que fazer um grande esforço para recuperá-la.
Se as atitudes da sua mãe ameaçavam a sua própria sobrevivência como mulher, talvez você se tenha identificado intimamente com o masculino, buscando nele a salvação. Muitas mulheres têm encontrado em seus pais o aspecto espontâneo, divertido e nutridor do feminino.
A natureza da ruptura mãe / filha é determinada também pela forma como a mulher integra o arquétipo da mãe em sua psique, o que inclui a mãe terra e a deusa, e a visão cultural de o feminino. A nossa psique coletiva teme o poder da mãe e faz todo o possível por denigrarlo e destruí-lo. Não damos valor aquilo que nos nutre; usamos, abusamos e dominamos a matéria (Mater) sempre que podemos. AS nossas igrejas têm enterrado durante séculos o rosto feminino de Deus, destruindo a sua imagem e a usurpar o seu poder em favor dos deuses masculinos. Como podemos estar conectadas com  o feminino quando a cultura que nos rodeia faz todo o possível para que esqueçamos isso?
Curar a cisão mãe / filha representa chorar a separação inicial da sua mãe ou sua rejeição, assim como o teu próprio rejeição, e então começar a entender o feminino. O aspecto mais importante desta etapa é deixar crescer uma mãe interna ao ser você  mesma   uma mãe nutridora.
Chegou a hora de  identificar  e reivindicar os valores femininos:
- renda homenagem a sua criatividade.
- viva os valores do seu coração.
- expresse todas as suas emoções.
- Cerque-se de imagens que celebrem a vida.
- use uma linguagem que evoque ideias de inclusão.
- renda homenagem a sua sabedoria, a sua misericórdia, a sua capacidade criativa, e reconheça os mesmos valores em todas as outras mulheres da sua vida.
- abrace o poder da mulher, o que significa que tome a iniciativa, fale e se dirija a outras mulheres, e que assumam o seu  poder não para seu próprio engrandecimento mas sim no bem  de todas.
As mulheres que sofreram uma ferida profunda na relação com as mães pessoais muitas vezes procuram sua cura na experiência do quotidiano. Para muitos, esta experiência assume a forma de divina em coisas pequenas: ver o sagrado em todos os atos do dia a dia, como lavar os pratos, limpar o banheiro, ou trabalhar no jardim. A mulher alimenta-se e é saudável arranjando-se no quotidiano. Muitas vezes, durante este período de reclamar o feminino interno, encontrarár-se-à imersa na aprendizagem sobre deusas antigas para encontrar a mulher sábia que vive no interior.

Maureen Murdock
A jornada heróica da mulher

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