O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, agosto 05, 2020

QUAL A LIGAÇÃO



Casamento, Amor Romântico, Sexualidade, Prostituição e Moralismo: Qual a Ligação?

"Em algumas correntes do feminismo, fala-se da Prostituição como um ato de rebeldia contra o Patriarcado ou mesmo uma revolução sexual da mulher, acusando as feministas abolicionistas de moralismo. Na verdade, o moralismo é parte intrínseca desse argumento, já que "cobrar por sexo" só pode ser visto como algo "revolucionário" em uma cultura em que o sexo para a mulher seja obrigatoriamente um ato de submissão imposto.

A ideia da Prostituição como Revolução Sexual não existe EM OPOSIÇÃO ao Moralismo, mas sim SÓ existe com a MANUTENÇÃO do outro extremo, que é a total submissão condicionada ao amor romântico. Em ambas as situações, a sexualidade da mulher está condicionada: numa pelo dinheiro, noutra pelo contrato social do casamento.

Vale lembrar que tanto o casamento quanto o dinheiro estão diretamente ligadas às questões socio-econômicas, de classe e autonomia da mulher na sociedade, já que ao longo da história a mulher foi proibida de trabalhar, estudar e possuir propriedades, logo, sua única maneira de subsistência era o casamento. O casamento era a garantia de ter um lar e não passar fome em troca do serviço doméstico perpétuo e da submissão sexual.

A prostituição funciona de forma idêntica: a garantia financeira, que possibilita ter alimento, lar e, muitas vezes, uma forma de estar com e cuidar dos filhos, depende da submissão sexual da mulher a estranhos, 99% homens.

Colocar a prostituição como uma possibilidade revolucionária e libertadora, que depende exclusivamente da escolha da mulher, não resolve NENHUM problema das mulheres sob o Patriarcado. Pelo contrário: reforça-os. Além de depender da manutenção dos mecanismos e valores patriarcais, culpabiliza a mulher, essencialmente vítima da socialização e condicionamento do amor romântico, pela sua situação, já que podia "simplesmente escolher ser livre" por si própria, mas não o faz."

Feminismo com classe

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