Casamento, Amor Romântico, Sexualidade, Prostituição e Moralismo: Qual a Ligação?
"Em algumas correntes do feminismo, fala-se da Prostituição como um ato de rebeldia contra o Patriarcado ou mesmo uma revolução sexual da mulher, acusando as feministas abolicionistas de moralismo. Na verdade, o moralismo é parte intrínseca desse argumento, já que "cobrar por sexo" só pode ser visto como algo "revolucionário" em uma cultura em que o sexo para a mulher seja obrigatoriamente um ato de submissão imposto.
A ideia da Prostituição como Revolução Sexual não existe EM OPOSIÇÃO ao Moralismo, mas sim SÓ existe com a MANUTENÇÃO do outro extremo, que é a total submissão condicionada ao amor romântico. Em ambas as situações, a sexualidade da mulher está condicionada: numa pelo dinheiro, noutra pelo contrato social do casamento.
Vale lembrar que tanto o casamento quanto o dinheiro estão diretamente ligadas às questões socio-econômicas, de classe e autonomia da mulher na sociedade, já que ao longo da história a mulher foi proibida de trabalhar, estudar e possuir propriedades, logo, sua única maneira de subsistência era o casamento. O casamento era a garantia de ter um lar e não passar fome em troca do serviço doméstico perpétuo e da submissão sexual.
A prostituição funciona de forma idêntica: a garantia financeira, que possibilita ter alimento, lar e, muitas vezes, uma forma de estar com e cuidar dos filhos, depende da submissão sexual da mulher a estranhos, 99% homens.
Colocar a prostituição como uma possibilidade revolucionária e libertadora, que depende exclusivamente da escolha da mulher, não resolve NENHUM problema das mulheres sob o Patriarcado. Pelo contrário: reforça-os. Além de depender da manutenção dos mecanismos e valores patriarcais, culpabiliza a mulher, essencialmente vítima da socialização e condicionamento do amor romântico, pela sua situação, já que podia "simplesmente escolher ser livre" por si própria, mas não o faz."
Feminismo com classe
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