O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, agosto 28, 2020

"HOMENS GUARDIÕES" E MULHERES "DESPERTAS"



A IGNORÂNCIA "ao serviço de um novo sonho de vida, de um novo sonho de amor."
 
A falta de senso comum das mulheres do dito feminino sagrado ou a falta de profundidade e conhecimento da psique feminina, leva essas pobres mulheres infantilizadas e dependentes do Pai e que aderiram a um suposto feminino sagrado em busca da Deusa e de si mesmas a fazerem um retrocesso enorme no seu caminho como Mulheres em si porque elas não perderam nunca o sonho do amor romântico, o culto do Pai e do filho e a breve trecho, tal como estamos a ver por todo o lado, elas  estão a inverter os seus processos para recuperar o par romântico, o valoroso guerreiro, o novo guardião das mulheres...afinal as mulheres precisam de um protector e de serem cuidadas e amadas pelo Homem, incapazes de serem autónomas e responsáveis por si e os seus caminhos, numa visão constrangedora, patética e totalmente idealizada, tal como os homens fizeram das mulheres "fiéis esposas " e fadas do lar. Tudo para voltarmos "ao serviço de um novo sonho de vida, de um novo sonho de amor."
Que vontade de lhes dar uns tabefes!!!

SOBRE UM TEXTO QUE CIRCULA NO FACEBOOK SOBRE O HOMEM GUARDIÃO DAS MULHERES diria como de forma muito clara uma amiga escreveu:

"Não gostei do texto. Muito pobre, com noções erradas do que é o sagrado masculino, apesar de pouco ou nada saber do assunto. Mas não compreendi a insistência sobre o arquétipo do guerreiro, como se nesse resgate ele encontrasse a sua alma, toda a sua busca. Aliás, o texto nem abrange tal profundidade, diz coisas equivocadas, sem sentido, tontas, como "Quando um homem equilibra e aceita o seu arquétipo do guerreiro...se liberta das amarras culturais impostas." E bem pior: "Esses homens se tornaram guardiões do sagrado feminino e do poder que reside na matriz da mulher." Homens guardiões do sagrado feminino?!! Então a mulher é o quê? É nada! Nem digna de ser guardiã do sagrado em si, do poder que reside em si? É o homem que tem que ser guardião?! Quão fraca e insignificante é a mulher!!

Depois estas lengas lengas que me fazem lembrar aqueles romances que se vendiam nos quiosques, há mais de 30 anos - Sabrina: "Homens capazes de abrir o seu coração a uma mulher, e amá-la, olhá-la, e protege-lá. Homens que se atrevem a ser amados, olhados, cuidados e também protegidos." Esta lamechice patética, que coloca as pessoas como seres frágeis, indefesas, com uma sensibilidade desprovida de nervos e razão! Que celebra o amor romântico ao mesmo tempo de uma forma rasteira, pequena, básica, tonta, mas igualmente colocando-o como algo elevado, a ser vivido, como se fosse um portal de acesso a nós mesmos. Ora, o acesso a nós mesmos depende unicamente de nós. Até parece que o amor abunda em cada esquina. O que vejo por aí de amor romântico está abaixo da mediocridade.

O texto termina: "ao serviço de um novo sonho de vida, de um novo sonho de amor." A típica frase oca que não diz nada, mas onde pode caber tudo o que cada um imaginar. É como uma forma onde cabe todo o conteúdo que se quiser.
Este texto deve ter sido escrito por uma mulher. A mulher é quem mais dá poder a um homem. E tem dele uma imagem romantizada, como um herói que chega para arrebatar a frágil donzela. E o mais extraordinário é que as mulheres a partir dos 40 são as que mais perdem a sua lucidez, parecendo garotas de 15 anos.
O amor romântico não é esta tontice, para não dizer bem pior."

Sara Correia

Sem comentários: