O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, janeiro 29, 2021

AMAR-TE-EI SEMPRE



Uma bela mulher nua foi chorar ao Mar uma tristeza infinita. Ia cheia de agulhas espetadas no corpo e um Ouriço do Mar, negro e enorme como julgam ser o Marte, com dois abismos nos olhos e uma chama em cada dente, possui-a três vezes no meio do mar. Ela abandonou-se à vertigem - " amar-te-ei sempre ", " amar-te-ei sempre ". Povos : sou eu que vos digo - todas as noites da eternidade a mais bela mulher canta nua uma tristeza infinita e habita o Mar !*1

"Talvez o seu corpo astral esteja ferido. E se chorar cair-lhe-á dos olhos uma lágrima invisível porque o corpo é o leito onde dormimos permanentemente até ao momento de sabermos que estamos sempre abertos para a cegueira irreal, a única verdadeira. E se o deslumbramento cessa, cessa o canto."* 2

* 1 António Maria Lisboa

*2 Ana Hatherly In SIGMA - 1965

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